sábado, dezembro 23, 2006

O Natal está a chegar...


Feliz Natal!


Porque o Natal é sempre que o Homem quer...

Mesmo que não seja para todos... porque o Sol, infelizmente, quando nasce não é para todos... importa acreditar, sempre, que as pequenas luzes que agora se acendem, crescerão e iluminarão cada dia mais gente!


E porque o Natal é em toda a parte, aqui vai o meu postal... directamente de Londres para todos os que me visitam neste blogue...


Um Feliz Natal para todos!

domingo, dezembro 10, 2006

Partiu sem castigo!


Morreu hoje um dos mais hediondos tiranos da História recente.



Eu sei que não é fácil estabelecer uma ordem de grandeza no que diz respeito à crueldade de algumas figuras do século passado que, quis a história, transitaram para o século XXI ainda vivas.

Mas importa, agora que Pinochet está morto, não esquecer as suas façanhas, e, sobretudo, tentar castigar todos os que com ele fizeram coro.

É provável que o anterior Papa lhe tenha concedido o perdão... é possível!
Mas não creio que lhe tenha dado a chave do paraíso.

Porque a crueldade, quando levada a certos extremos, não tem justificação.
Muita coisa pode justificar certas atitudes, a forma como se pensa, os gestos que usamos.
Mas em certos actos, a culpa não pode ser só dos pais, de tios malvados ou de uma infância difícil.
Porque no caso deste tirano, não se trata de gostar de um "jogo" um pouco mais duro.
Não é uma questão de mais ou menos "masculinidade", nem uma forma diferente de ver o poder!

É barbárie!
O exercício do poder levado aos seus limites mais horríveis.

Ficam para a história todos os relatos desses dias de "chuva em Santiago".
Ficam todos os orfãos desse Chile mutilado.
Ficam todos os Pais que nunca mais viram os filhos.



E fica sobretudo, esse sabor amargo de um crime sem castigo!


Mas... a morte, essa chegou inevitável e fria. Que a terra lhe pese em cima e que arda para todo o sempre nas profundezas dos infernos!

sábado, dezembro 02, 2006

São todos uns madraços... que o mesmo é dizer: só eu é que trabalho!


Esta é a verdade mais "universalizada" do espaço lusitano!

Como representantes desta espécie invulgar, de escassos 10 milhões entre portas mas capaz da mais espectacular diáspora do segundo milénio, temos concerteza algumas das suas características mais peculiares.

Somos genuinamente auto-críticos mas sabemos parar no exacto momento em que vale a pena começar a introduzir avanços. Não vá perdermos a capacidade de auto-flagelação.

O maior problema desta nossa sub-espécie é o facto de todos serem uns autênticos madraços, incapazes e produtivos, com uma única excepção: cada espécimen em particular...

E é por isso, só pode ser por isso, que quando se tentam introduzir reformas todos nós resistimos quais meninos mimados a serem arrastados pelos pais.

As reformas fazem falta. Sem dúvida! Mas apenas para os outros!
Se somos professores, entendemos que é necessário reeducar os pais.
Se somos pais clamamos pela reforma do ensino e pela avaliação dos professores.

Os Juízes protestam contra os legisladores.
Os advogados contra os juízes...

Os médicos contra os enfermeiros, estes contra os doentes e estes contra os primeiros e os segundos...

Os filhos gritam contra os pais e estes, porque raramente se lembram que são filhos, berram impacientes contra os primeiros.

Os polícias, geralmente lestos na repressão dos protestos alheios reivindicam o direito à indignação.
Os militares idem aspas aspas...

Os políticos, que são genuínos filhos desta gente toda, revoltam-se contra si próprios e... geralmente... não vá a democracia dos votos ser dura e castigadora, aproveitam para ir deixando tudo mais ou menos na mesma.

E é por isso que eu acho, que a paz podre é bem pior que o estado de indignação a que chegámos.
Pode ser que assim, as coisa possam ir mudando.

Para começar... se pudesse ser... eu ia pelo caminho que o Salazar tanto odiava:

A educação! Pode ser que, quando a grande maioria deixar de ser analfabeta e aproveitar para ler o mundo de forma mais esclarecida, se possa olhar em frente, para cima, para os lados (até para trás) e menos para cada umbigo, por mais interessantes que possam ser os ditos cujos.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Deus meu! Estou confuso!



Eu cá para mim... a culpa só pode ser da "grande cabala"!

Sim... porque os pobres não têm ar de ter culpa nenhuma...

Os moços andavam à pesca... e deu um tal de cheiro a peixe que não se pode!

Ao da esquerda (livra!) caiu-lhe o mundo em cima. Presidente Silva incluido... mas é uma injustiça, não é?!

Ao da direita nem sei que diga... do que se lembram as autoridades! Dinheiros indevidamente recebidos?! Ná! Não tem cara disso... ele até é mais missas...

A confusão é tanta que já nem sei que diga!

terça-feira, novembro 07, 2006

Por debaixo da carpete...

Preconceito nº 5

A despenalização da IVG faz disparar os números do Aborto!


Mas alguém acredita nisto!?
Será que anda tudo doido... ou será apenas má fé?

Dizem os detractores da despenalização que, desde que a IVG foi despenalizada em Espanha há mais abortos! São números oficiais!

Pois é! É precisamente isso! É que agora os números são oficiais! Hoje sabemos quantos abortos se fazem em Espanha. Os de lá mais os de cá. Todos legais.

Em Espanha tiveram coragem e deixaram de tapar o sol com a peneira. Até porque, como é sabido, a peneira não evita o escaldão...

Os que, ferozmente, se batem pela penalização do aborto fazem-me lembrar aqueles que, sorrateiramente, colocam o seu lixo debaixo da carpete... com a agravante que ainda chamam porcos aos vizinhos.
Pode ser que não... pode apenas ser dos óculos...

Tenham dó!

segunda-feira, outubro 30, 2006

A grande lata!

Preconceito nº 4
Os anticoncepcionais actualmente ao dispor das mulheres garantem uma eficácia de 100% na prevenção de uma gravidez.
Não foi isto que disse a iluminada Zita Seabra.
Foi algo parecido:
"Mudei de opinião sobre a despenalização do aborto porque a realidade da contracepção mudou desde que fiz a proposta de despenalização até hoje"
Quer esta senhora dizer que hoje só engravidam as mulheres que querem.
Apenas para ilustrar esta questão com dados científicos deixo alguns números:
A pílula tem uma eficácia (se e só se utilizada sem qualquer falha) na ordem dos 99,5%.
O que equivale a dizer que em cada 200 mulheres que tomam a pílula com rigor e respeitando escrupulosamente todas as regras, há uma mulher que engravida.
Mas... porque o cumprimento da toma diária é muito difícil e, porque as mulheres têm o direito ao engano e ao esquecimento, a falência da pílula é superior a 8%, isto é: nas mesmas 200 mulheres há pelo menos 16 que vão engravidar.
A Dna. Zita Seabra que tenha paciência, mas virar a casaca tem limites!
Que não tente justificar os seus interesses pessoais à custa da mentira!

sexta-feira, outubro 27, 2006

A IVG não é só para quem quer...


Preconceito nº 3:

As mulheres que fazem IVG são todas umas irresponsáveis que só engravidam porque não se preocupam verdadeiramente com o problema.

Acham mesmo que isto é a verdade?!
Sabiam que a percentagem das mulheres que se esquece pelo menos de uma pílula por ciclo é muito elevada (cerca de 30%)?
Sabiam que as outras 70% se esquecem de tomar a pílula pelo menos 3 vezes num ano?!
Sabiam que basta esquecer uma pílula, no momento errado, para poder ocorrer uma gravidez indesejada?

Sabiam que o problema é exactamente esse: o esquecimento?

Ou acreditam que as mulheres engravidam porque descuidam a contracepção e entendem que um aborto é mais ou menos como remendar um furo no pneu do carro?

Sabiam que uma boa percentagem dos detractores da interrupção voluntária da gravidez (vulgo ABORTO) são os que se manisfestam contra a contracepção e o preservativo?

A esses, todos esses, eu gostaria de pedir mais respeito pela dignidade de cada ser humano.

Deixem decidir quem tem que decidir!

domingo, outubro 22, 2006

A IVG e suas praticantes...


Preconceito nº 2:
As mulheres que escolhem fazer uma interrupção voluntária são sado-masoquistas.
Nada mais descabido!
Alguém acredita que uma mulher faz tal coisa como quem toma a pílula?!
Alguém acredita que uma mulher interrompe uma gravidez apenas por capricho?!
Alguém acredita que uma IVG pode ser encarada como algo banal?
E porque há gente mesmo muito distraída:
Uma mulher que escolheu interromper uma gravidez por razões que ela saberá, pode sempre vir a ser ou continuar a ser uma Mãe fantástica.
É prova de maturidade civilizacional escolher o momento da maternidade!
Ou não?

quinta-feira, outubro 19, 2006

A IVG...

Este pequeno texto serve apenas um propósito:
Lembrar os mais distraídos que o referendo no qual seremos brevemente convidados a participar é apenas e somente para saber se a Interrupção Voluntária da gravidez deve ser despenalizada desde que realizada até às 10 semanas de gestação.
E... porque há mesmo gente muito distraída... para que passe sempre a ser isso mesmo:
Voluntária!

quinta-feira, outubro 05, 2006

Vem aí o vale tudo


Estou pasmo!

Na diocese de Coimbra, alguns Abortos, maiores e vacinados entendem que podem usar de qualquer arma para fazer uma lavagem às inocentes cabecinhas dos paroquianos.

Vai daí, lembraram-se de algo que só visto:
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=13&id_news=245523

Usaram uma foto de uma criança já com um mês de idade (PORTANTO JÁ NASCIDA) e que, por acaso infeliz - só pode! - calha ser filho de uma das primeiras subscritoras de uma petição pró despenalização.

É por isso que estou pasmo!

E é também por isso, a somar a tantas outras atitudes e gestos infelizes, que, desta vez, eu acredito que a maioria dos Portugueses vai dizer basta à condenação de um acto que apenas diz respeito á consciência de cada um.

Não nos esqueçamos nunca que os autores desta última gracinha da foto mal escolhida devem ser os mesmos que acham o preservativo uma invenção do inferno e apenas aconselham o coito interrompido como método de planeamento familiar.

Tenham dó!!! Se não sabem viver em sociedade... ao menos saiam de cima!

sexta-feira, setembro 29, 2006

Como a cadela e a gata?



O bizarro pode acontecer em qualquer momento.

O mais provável é que, ao acontecer deixe de ser bizarro. O mais provável é que certas coisas só não aconteçam mais vezes porque nós não estamos preparados para as ver.

Somos tantas vezes os gatos ou os cães de uma história qualquer apenas porque decoramos os guiões e temos um medo primitivo do improviso.

Como se a vida fosse para ser vivida em rigorosa obediência ao plano original...

Desculpem lá os puristas, os deterministas, os defensores de uma qualquer ordem divina, os sacerdotes de religiões mais ou menos universais...

A minha gata olha para a minha cadela com os olhos ternurentos de uma filha reconhecida... e a cadela trata-a como se fosse de facto a sua pequena cachorra.

Ainda bem que não sabem falar... porque se não, em nome dos cânones e da obediência ao status quo já se teriam zangado ad eternum.

Até pode ser que sejam assim... tão improváveis... porque lhes falte um qualquer programa de primitiva necessidade de afirmação... pode ser...

segunda-feira, setembro 18, 2006

...Porque é deles o Reino dos Céus...


Quando falo dos profetas dos outros, dos seus deuses, da sua fé... faço-o com o respeito que entendo que as diferenças devem merecer para toda a Humanidade.

Porque não há apenas uma perspectiva. Porque a vista que temos de cada realidade o é tendo em linha de conta o nosso ponto de Observação.

Sobre o Islão, reconheço que sei muito pouco, para além de algumas trivialidades.
Admiro a devoção que têm pelo nosso Jesus Cristo e por sua Mãe, Maria, que afirmam ter concebido sem pecado.

São ciosos das suas convicções, podem até ser um pouco rudes na forma como olham os "infiéis"... mas... nos que conheci nunca vi qualquer intenção de esmagar as minhas convicções.

Os tempos são, por todo o mundo, de fundamentalismos exacerbados.
E por isso, em nome de Deus, fazem-se barbaridades.
Mata-se, violenta-se.

E, quando o mundo mais precisava de Homens de Visão, capazes de espalhar uma mensagem de esperança, de sã convivência, o mais alto dignatário de uma das mais ricas e poderosas religiões do mundo, risca um fósforo no paiol da intolerância e tira o tapete a todos os islâmicos que fazem fé na Boa Vontade dos Homens.

A imagem deste post, é a Imagem de Maomé, mas não podemos nunca esquecer que cada Homem que viveu neste mundo se escreve de mil formas.

Cristo, que deu o seu sangue para salvar a Humanidade... também tem outros rostos.
Em seu nome, outros ratzingers queimaram inocentes, destruiram culturas, bibliotecas e civilizações.

Que um Deus qualquer, nosso ou não, nos livre destes arautos da desgraça!

E... sobretudo... que torne mais estreito o buraco da agulha. Para que este camelo que escolheu chamar-se Bento XVI, mesmo sendo pobre de espírito, fique à Porta do reino dos Céus e desça depois às profundezas do Inferno!

terça-feira, setembro 12, 2006

Começar de novo - Este é um texto para não ler...


Este fio de Norte, sou forçado a reconhecer, anda com muito pouca guita... anda pouco encerado...
Às vezes pergunto-me por que razão isso acontece. Porque é que tenho estes momentos pendulares em que nem me apetece criticar nem elogiar.

São provavelmente momentos depressivos que, felizmente, apenas chegam á minha capacidade criativa na área dos blogs.

Aliás, quando vivo momentos mais nauseantes noutras áreas, normalmente dá-me para descarregar a verbe aqui por esta esfera virtual...

Se calhar, se tivessemos ganho o Mundial tinha andado mais entusiástico... mais uns tempos.
Se calhar... se as férias tivessem sido mais longas... se a crise estivesse num momento de hesitação...
...pode ser...
Mas o que eu acho é que o culpado desta angústia existencial traduzida em bites da internet é mesmo o Senhor Bush!
Só pode!
O Homem anda a destruir paulatinamente a nossa ocidentalidade (para não falar da orientalidade de alguns) e a gente a ver...
E, claro está, que isso me deprime. Deixa-me sem forças para criticar como gosto porque o animal é grande de mais para a minha pequena funda...
E por isso afundo-me dia após dia no sofá da sala, a olhar triste para a primeira página do blog, a pensar: Não gosto nada do aspecto disto... assim parado!
Portanto... para voltar a ter esperança... e fazer de contraponto à fotografia do "homo violentus" optei por procurar uma foto que me devolvesse a fé na nossa espécie.
É que apetece mesmo começar de novo!

quinta-feira, agosto 03, 2006

O Gajo é parvo!

Não gosto de gente que conta o fim dos filmes...
Não gosto de tipos que, enquanto jogam às cartas, nos desvendam a estratégia de jogo...

e, não gosto de cartas viciadas!

E hoje, depois de ouvir as declarações e o relato do riso do primeiro ministro Israelita sobre uma futura intervenção das Nações Unidas por terras do Líbano fiquei estupefacto.
Dizia o Senhor que confiava que a ONU teria um papel no conflito, conforme os interesses de Israel, e... quando lhe perguntaram se acreditava que pudesse ser mesmo assim, o Senhor riu e perguntou: "Mas alguma vez foi de outra maneira?!"

O Homem mostrou as cartas! O Gajo é Parvo!
E ainda por cima tem um grave problema de pontaria!
Quer atacar um bairro e ataca um país inteiro.
Não gosta dos Persas e atira-se ao país mais pluricultural da zona!
E não resisto a transcrever:
"Ofensiva israelita “sem limite”
Primeiro-ministro salienta que “Beirute não é um alvo” A ofensiva contra o Líbano "não tem um limite" fixado "a priori", afirmou o primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert, em declarações ao jornal “Le Monde”.
Questionado quanto ao propósito de levar o exército israelita até ao rio Litani, no Sul do Líbano, Ehud Olmert respondeu: "Não há um limite". "Não vamos combater em Beirute", acrescentou, salientando em seguida: "quanto ao resto, penso não ter que anunciar os meus planos".
"Beirute não é um alvo. O que é, e continuará a ser (um alvo), é um único bairro, o do Hezbollah. Mas não vamos atacar Beirute. Não estamos a combater o governo do Líbano", frisou.
Ehud Olmert afirmou ainda ter ficado surpreendido com as declarações proferidas, segunda-feira, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros francês Douste-Blazy, que defendeu que o Irão desempenha um "papel importante de estabilização na região".
"Quando ouço o presidente do Irão dizer que é necessário apagar Israel do mapa e quando vejo os seus esforços para obter armas nucleares, não compreendo muito bem o papel de estabilização que (o Irão) desempenha", considerou o governante israelita.
"

Pois não! A melhor maneira de estabilizar esta balança é partir os pratos!
Querem melhor equilíbrio que Israel em cima dos restantes locatários do condomínio do Médio Oriente!
A melhor maneira de cortar um tumor é matar o hospedeiro... é sempre fatal para o tumor!

Tá mal!
E continuo a achar que o Gajo é parvo!

Anteontem vi um filme sobre o bombardeamento de Dresden que me alterou o sono e me recordou muitas vezes o meu Amigo Oscar. ( A RAF bombardeou e arrasou Dresden na fase final da 2ª guerra, fundamentalmente para provar aos seus aliados que tinha um papel crítico na vitória final - Os EUA fizeram o mesmo no Japão, para que não houvesse dúvidas...)
A história é normalmente contada pelos vencedores. É geralmente contada pelos mais fortes, isso é seguro. Mas não devemos nunca perder a lucidez e aceitar como inevitáveis os excessos de quem vence. Até porque a nobreza de carácter não se vê em quem castiga...

E, sobretudo, porque não acredito na máxima "olho por olho, dente por dente".
Não gostando de dar a outra face, reconheço que se pagasse na mesma moeda a quem me faz sofrer este meu mundo seria um Inferno na terra.
Ou então já era o maior do Bairro... quem sabe?!

quarta-feira, junho 28, 2006

A "bolização"... ou a aldeia global entre balizas...


Hoje decidi escrever um pequeno texto sobre um tema que tenho tentado evitar... o futebol.
Por um lado, porque se trata do tema de todos os dias, do assunto de todas as conversas e do Amor de muitas paixões.

Por outro lado, porque avizinhando-se aquele que poderá ser o primeiro dos grandes jogos da selecção no Mundial da Alemanha, me apetece deixar escrito o que me vai na alma nesta fase.

Nunca escondi que não gosto do Scolari. E não gosto porque preferia ver um Português a treinar a selecção Nacional e, de preferência, um seleccionador que não tivesse escolhido o Norte do País como bode expiatório das culpas nacionais.
Não gosto das certezas absolutas do Filipão nem de ninguém em geral.
Apesar de tudo, confesso que o que mais me incomoda é reconhecer que o homem às vezes me parece bem mais Português que o vulgar cidadão tipo.

Mas... e independentemente do resultado de Sábado próximo, reconheço que este homem sabe liderar a sua equipa que, por feliz acaso, até é também a minha!
Na equipa de Portugal sente-se o espírito que antecede as grandes vitórias.
Sente-se a capacidade de sacrifício, bem patente na batalha de Nuremberga.

Reconheço, como dizia um Amigo meu, que no último jogo jogámos apenas 22 minutos e, depois, nos limitámos a defender a magra vantagem.
É verdade! Mas defendemos essa vantagem com todas as energias que tínhamos.
Resistimos a todas as adversidades. E, felizmente, o azar dos adversários esteve do nosso lado, bem como as traves e barras da baliza.
É verdade! Até parece que os deuses estavam connosco... sem exuberâncias... timidamente e com medo de anunciar ao mundo a sua preocupação por este pequeno país que poucos sabem ao menos onde fica.

E é por isso... que neste próximo sábado, quando vestir mais uma vez a camisola da nossa selecção e colocar ao pescoço o único cachecol vermelho que aceito usar quando vejo jogos de futebol... espero que os deuses se lembrem dos protegidos de ontem e nos deixem continuar a sonhar!

É que por acaso até merecemos ir bem mais longe!

E dá um gozo imenso ver os Lordes de Inglaterra tão preocupados com este pequeno David...

quinta-feira, junho 15, 2006

A Justiça é cega


O que mais me incomoda nesta nossa sociedade... é o "non sense".
É o tipo de coisa que só tem graça em certas áreas da nossa vida, digamos que... mais recreativas.
Mas, principalmente em áreas onde deveria imperar uma certa lógica, uma forma de estar que protegesse o cidadão, preocupa-me de sobremaneira.
Como já referi por várias vezes, este ano tive alguns contactos com a justiça, quer como testemunha em processos alheios, quer como queixoso num outro processo.
No último caso, levei à barra do tribunal os vizinhos do lado por razões de má vizinhança, que, entre muitos outros assuntos, incluiam danos materiais provocados na minha casa.
O caso até que não correu mal, tendo conseguido um julgamento em tempo record, isto é, ao fim de dois anos.
Como tínhamos sido vítimas de agressão (quebra de vidros no meu terraço) houve lugar a dois processos: um processo crime (com pedido de indeminização por danos materiais) e outro cível (para reclamar indeminização por danos morais).
Ganhámos os dois!
A Juíza decidiu.
Está decidido!
No caso do processo crime, a ré foi condenada e terá que nos pagar os 140 € dos vidros quebrados, tendo ficado com o registo criminal preenchido com a condenação. Para além disso pagará uma multa ao tribunal e as custas do processo crime.
Menos mal! (Principalmente se tivermos em linha de conta que, mesmo quando manifestada a intenção de lhe perdoarmos, se dispunha a pagar os 140 € em 14 prestações mensais)!!!
O problema... vai ser receber os tais euritos!.
Quanto ao processo cível, o tal do pedido de indeminização por danos morais (pedíamos 5.000 € - que vos posso garantir que nunca pagariam os traumas provocados pelos maus vizinhos), uma vez que ficou provada a culpa da ré e que a agressão em questão não era um caso isolado bem como que, para além dos seus maus instintos, ainda tinha a desgraça de não ter muitos rendimentos... a juíza, senhora bondosa e compreensiva... determinou que 5.000 € se tratava de um exagero e condenou a ré ao pagamento de cerca de 200 €.
Ficaria para a história e para a melhoria do ambiente na rua, a condenação dupla, o cadastro para a meliante e a multa, custas e indeminizações aos queixosos!!!
Até que nem me pareceu mal!
O problema é que até à data ainda não vi a cor do dinheiro e falta-me pagar à minha advogada (sendo certo que sei de antemão que a conta superará os proveitos).
Parece-vos mal?!
Ficam estupefactos?
Acham isto completamentamente inusitado???!!!!
Então que dizer quando recebi em casa a conta das custas do processo cível?
Ora bolas para a justiça!
Os ministros da mesma, os juízes mentecaptos, os advogados cooperantes, os oficiais diligentes, os réus criminosos e os inocentes e os queixosos que, como eu, ainda acreditam... Que vão todos para o raio que os parta!
É que eu acabo de pagar 240 € de custas de um processo que ganhei e no qual me foi atribuída uma indeminização de 200 €, porque a bondosa da juíza entendeu que a pobre ré, sendo uma refinada bandida não deixa de ser pobre e, por essa razão, os queixosos que paguem a crise!
Já só nos faltava esta!
Ao menos a justiça podia aprender braille... sempre ia podendo acompanhar os processos e julgar com juízo e bom senso!
Não vos parece?!
Já agora... como não podia deixar de ser... ainda não recebi nada, mas já paguei as custas. Não vá um juíz qualquer acordar mal disposto!
Ainda pensei meter a juíza em tribunal... mas como o processo ia acabar por ser julgado por um colega dela... achei melhor estar quietinho... ou não fosse acabar por levar no focinho!

terça-feira, junho 06, 2006

As fogueiras do nosso conhecimento...

Não há pior caos do que o acumular de conhecimentos...
Isto a propósito de uma das minhas mais antigas angústias existenciais, que se desencadeia, invariavelmente, todas as vezes que visito a feira do livro.
Não por ser a feira do livro do Porto, específicamente, mas por se tratar de um espaço carregado de milhares de livros por ler.
E... sei bem que todos esses livros são uma pequena gota de água em tudo o que está publicado no mundo.
A angústia deriva da enorme frustração de eu saber que nunca, nem em mil vidas, conseguirei ler tais livros, nem mesmo os autores todos.
Sei bem que se trata de uma tarefa impossível a qualquer um. Sei bem que o acumular de conhecimentos, esse conhecimento de tudo, não se traduz, necessariamente, em sabedoria.
Porque um sábio não é quem conhece... é quem sabe usar os seus conhecimentos, por menores que sejam.
Mas, que querem... fico com pena.
Lembro-me sempre de um professor de cosmologia que nos dizia que, por sabermos de antemão que nunca leríamos todos os livros que valem a pena, não deveríamos perder tempo com livros sem a capacidade de nos "agarrarem".
E, por causa dele, tenho deixado por ler alguns livros que, pelo menos em certos momentos, me parecem mais enfadonhos.
E às vezes, com a curiosidade de algumas palavras que apenas "bateram" no subconsciente, lá volto a eles à procura de uma possível reconciliação.
E, quando calha, ela lá acontece.
Mas voltando ao caos do excesso de informação... e da nossa incapacidade enquanto vulgares "Homo sapiens sapiens" de poder ler tudo, tremo de pensar que outros, talvez mais angustiados do que eu possam lembrar-se um dia do fim das "bibliotecas de Alexandria" da nossa humanidade.
Os livros... são a pior das ameaças para a intolerância e para o humanismo. E é, provavelmente por isso também, que os tiranos se esforçam por dar largas aos mais primitivos instintos pirómanos.
Eu, que uso o computador com algum desenbaraço e entusiasmo, continuo a preferir o papel para as minhas leituras...
Mas reconheço, com medo e tristeza, que sendo os livros mais resistentes aos "bugs" de qualquer Windows mal humorado, ou aos vírus de alguém menos bem intencionado, não resitem facilmente ao bicho do papel nem às chamas do obscurantismo.
Os livros são por isso... o espelho mais real das nossas civilizações... tangíveis, mas frágeis.
E... talvez por isso... porque nos pedem colo e se acomodam nas nossas mãos... continuo apaixonado.

terça-feira, maio 30, 2006

O Camarada Jerónimo ataca de novo!...


O nosso querido Jerónimo de Sousa está aborrecido com os seus colegas parlamentares.
Tudo porque na quarta-feira em que Portugal vai jogar contra o México, os deputados votaram favoravelmente a sugestão de antecipar a sessão parlamentar para a parte da manhã.
Parece que para o Jerónimo de Sousa "existe vida para além do Mundial de Futebol"!
E não é que até é verdade?!
Mas aqui para nós, caros Amigos bloguistas, alguém está a pensar não ver os jogos de Portugal?!
Passa pela cabeça de Algum Angolano, Mexicano e até dos nossos caros Iranianos deixar de ver os jogos do Mundial?!
E os Brasileiros?! Será que continuarão a trabalhar à hora dos jogos?!
É claro que vai sempre haver gente a adoecer nas horas mais impróprias... incêndios a deflagrar quando menos esperamos, etc, etc, etc.
Mas será que vai cair algum Carmo, alguma Trindade ou que São Bento cai abaixo do altar só porque se muda a hora de umas quantas (esperemos que muitas) sessões parlamentares?
Vai ser giro... ver o camarada Jerónimo a ver os jogos pelo canto do olho, escondido atrás da bandeira, enquanto disfarça a ler uns projectos de lei... provavelmente carregados de urgência.

sábado, maio 13, 2006

A ibéria... às armas... às armas...


Venho hoje, aqui, assim de forma rápida, curta e grossa... manifestar a minha mais profunda indignação pela falta de tolerância de muitos dos que se dizem Portugueses.
Temos um ministro que, há poucos dias, se atreveu a defender uma posição mais "iberista".
Caiu o Carmo e a Trindade porque até parece que, nos tempos que correm, a nossa velha nação de mil anos de história, conduz os seus destinos...
Não posso deixar de sorrir quando aqueles que defendem a Pátria contra a inimiga Espanha aqui ao lado o fazem afirmando a "Independência Nacional!.
É como se voltasse atrás no filme... mas agora visse os que antes defenderam o outro lado da barricada agora a entricheirarem-se por detrás dos princípios dos outros.

Claro está que tudo isto não passa de uma bela fita de cinema, assim de uns "bonecos de luz" onde, pela vertigem das imagens a passar depressa, não nos apercebessemos das imagens reais por detrás do filme.

A todos os que se indignam com a possível perda da independência... deixem-me dizer: Não podemos perder o que já não temos!

O que me parece valer a pena... é encontrar aquilo que nos une. Uma dezena de línguas de raíz comum... umas formas de sentir aqui e ali mais aproximadas... e, sobretudo, uma península inteira feita de muitos povos diferentes que podem, um dia, se quiserem muito... ser felizes todos juntos.

Eu acredito na força da minha família... na grandeza do meu bairro... na pujança da minha cidade... na determinação da minha província, na nobreza do meu País e, também, na alegria de compreender os meus irmãos Galegos, Asturianos, catalães e Andaluzes.

Será que sou outro Miguel de Vasconcelos?!

É pela mão da mais fácil demagogia da direita de pacotilha, que nuns dias se lembra do capitalismo globalizante e noutros acorda virada para o mais idiota dos nacionalismos que vamos vendo estes temas cair na Praça pública.
E porque ainda é proíbido dizer bem das outras tribos...
às Armas... ás armas que os traidores andam aí!...

domingo, abril 30, 2006

Crescei e multiplicai-vos


Crescei e multiplicai-vos!

É, muito provavelmente, com base neste princípio sagrado que o governo da Nação tem legislado em matéria de impostos.

Num artigo de Ana Sá Lopes Contra os Canhões este assunto é tratado de forma muito interessante e, a meu ver em pelos menos dois prismas de importância vital.

O primeiro é a penalização das famílias que optam por ter apenas um filho, subindo os descontos para a “caixa” em relação às demais. Ter filhos volta assim a ser um desígnio nacional, como se estivesse hoje em causa a nossa identidade.
Nós que eramos e ainda somos conhecidos pela nossa abertura ao mundo, pela forma natural como, por decreto ou por apetite sexual, nos misturamos com outros povos, sentimo-nos hoje ameaçados pelos “povos invasores”.
E este é o segundo prisma com que aborda o assunto.
É curioso como não reflectimos sobre o facto de algumas das nações mais prósperas terem sido exactamente aquelas que controlaram a sua natalidade e souberam abrir as suas portas, de forma equilibrada, a outros povos...

A Humanidade assemelha-se hoje a uma imensa arca de Noé onde uma espécie, por necessitar de espaço vital, vai comendo e esmagando as restantes espécies e, porque o barco não cresce, vai empilhando os seus filhos do homem nas várias camadas disponíveis, respeitando princípios sempre actuais, ligados à questão das raças e numa lógica de escuros por baixo e de quanto mais brancos mais ao sol!

Não aprendemos nada!

Eu, como muitos outros portugueses, a minha mulher incluida, (até porque no que diz respeito à reprodução da espécie são as mulheres que têm a opinião mais avalizada), optei por ter apenas um filho. E fi-lo por questões económicas, sociais e ecológicas, sendo que a ordem dos factores é arbitrária.
A minha pulsão primeira era ter mais filhos.
Continuo a acreditar que ter filhos é bom. Realiza quando a tarefa é levada a sério, com respeito pela dignidade dos “miúdos” e com uma atitude de abertura constante às novas formas de ler o "ainda" nosso tempo.
Continuo a respeitar todos aqueles que, porque não pensam neste assunto, ou porque não têm tempo (porque ganhar a vida pode ser uma actividade terrível e extenuante!) ou porque não sabem o suficiente para se anteciparem ao acaso, se multiplicam mais do que me parece equilibrado.
É evidente que entre ter um filho apenas e dar início a uma verdadeira ninhada, há um caminho a percorrer.

A partir de um certo número de filhos, já não consigo compreender os que, escolhendo a via da multiplicação selvagem ainda esperam ser recompensados por isso!
Esperam impostos reduzidos, abonos de família na ordem do: reproduza-se que cada um dos seguintes dá mais que o anterior, casas sociais mais rapidamente do que os casais que se organizam e, quantas vezes com tristeza, fazem verdadeiro planeamento familiar.

Para sustentar tudo isto, o governo deixa de fornecer os novos anticoncepcionais, adia laqueações em mulheres que insistem para o fazer, continua a ignorar o planeamento familiar ao nível das unidades de saúde.

O que não compreendo nem consigo aceitar é que os filhos de todos os que chegam ao nosso país para trabalhar não possam ser vistos como filhos da nossa Nação Portuguesa, educados pelos nossos valores e usufruirem dos direitos que os descontos dos seus Pais lhes deveriam garantir.

Um povo que se afirmou como um Império tem hoje medo dos filhos de quem governou.
Amarga ironia que faz um governo socialista defender o “crescei e multiplicai-vos”.

quarta-feira, abril 26, 2006

Lembrar Abril

E quando fechei o livro, no sagrado desconforto de um prazer terminado, senti que tinha tocado ao de leve numa das respostas necessárias.
Não a resposta à eterna pergunta do “quem sou”, mas à outra: “o que faço aqui”?.
Este livro que fechei – A sombra do Vento de Carlos Ruiz Zafón - é um exemplo de angústias, de histórias tristes como a alma do mundo, deste mundo povoado, e, no entanto, até porque o final é uma promessa de felicidades... fez-me acreditar.
Estamos cá... à procura do deslumbramento!
E ele chega, por vezes, nas páginas de um livro.
Este acreditar que há sempre esperança, mesmo quando tudo insiste em nos lembrar que a história dos homens está repleta de páginas de sangue e ódio.
Acabei de ler o livro nesta tarde de Abril, no dia 25 deste mesmo mês.
E... reconheço agora que a sua história se repetiu em Portugal nalguns dos pontos mais crueis na história recente do meu País.
Cá, como em barcelona - sendo certo que com menos cicratizes e ódios menos refinados – pisaram-se sonhos e torturaram-se muitas vozes com esperança.
E é por isso que eu digo, sobretudo à minha filha Joana, que na mesma tarde de 25 de Abril, mas de 1994, deu os seus primeiros passos na Praça da Liberdade, que não deixe que ninguém lhe minta, dizendo que não há ou houve inspectores “Funero”.
Que não consinta que lhe ocultem as passagens negras da nossa pobre humanidade.
E... sobretudo... que faça que para ela haja sempre Abril.
Uma esperança infindável.
Porque... apesar de tudo... pelo sonho é que vamos.

sexta-feira, abril 14, 2006

Os gaiteiros


Usa-se dizer que somos um País pequeno, onde não se justifica o estabelecimento de regiões.
Não importa para muitos que a língua se fale de maneiras diversas, como não importa que se veja a realidade com outras perspectivas.
O que importa é deixar que tudo continue na mesma... com um País governado a partir de um ponto apenas, para onde convergem muitos e muita riqueza, que , porque o que vai nunca volta igual, acaba por se ficar por lá, obviamente utilizada em obras de indiscutível valor, mas nem sempre realizadas onde mais precisamos todos.

O País é, de facto, um pequeno território, hoje minguado pelas novas estradas, reais e virtuais que nos cruzam de norte a sul e de leste a ocidente.
Hoje, apesar disso, não estamos ainda mais pobres, ou, pelo menos, espoliados de toda a riqueza milenar que temos insistido em arrastar connosco.
Cada dia que passa, parece-me justificar-se mais a marca das diferenças que temos uns dos outros e, ao mesmo tempo, a procura dos pontos de contacto.
Cada dia que passa, sinto-me mais próximo da Galiza, ao mesmo tempo que vejo melhor o que me diferencia dos Algarves...

E nisso não deve ser visto um sentimento qualquer de recusa de qualquer tipo de Portugalidade.
Não me identificando em absoluto com as gentes da nossa ponta a sul, não deixo de ver e entender os pontos que nos unem.
Consigo ver, apesar dos sotaques que nos separam, todos os mil anos que nos unem.
Na língua, claro, mas também nos olhos que contemplam o mundo, ao menos na forma como olhamos certas realidades.

Hoje ouvi uma história real, uma daquelas coisas sem importância, mas que marcam outras proximidades.
Dizia-me um Amigo de Valença (aquela cidade bem a Norte da República Portuguesa), que, todos os anos, por ocasião das festas Galegas a S. Telmo (que é o padroeiro dos navegantes), o Alcaide de Tui vem à ponte que separa os dois antigos condados buscar o Presidente da Câmara desta cidade Portuguesa, acompanhado de uma extensa comitiva de notáveis da galiza e dos Gaiteiros da Praxe, para, com dança e alegria, celebrarem em conjunto as festas do Ajuntamento.

É a história bonita que ilustra que há fronteiras que não conseguem separar certos povos.

E que sendo Portugueses... não deixamos de ser Galegos...

sábado, março 25, 2006

E eles é que são Xenófobos...


Por acaso conhecemos alguma Avenida dos Cabo-verdianos? Alguma Alameda dos Angolanos, dos Moçambicanos ou dos Guineeenses? Será que temos alguma Rua dos Brasileiros ou dos Indianos (mesmo que fosse dos Goeses)?
Temos, é bem certo, Avenidas do Brasil, Ruas de Goa, de Damão e de Diu. Temos ruas da Guiné, de Angola e Moçambique, de Timor e de Malaca...

Somos lestos a venerar as Nações e lentos a pensar nos povos.

Porque será?!

Em França, em plena Capital, encontrei esta Rua que me fez pensar nas grandezas e pequenezas do povo Francês.
Um Povo capaz de gestos de barbárie, é certo. Capaz de atitudes arrogantes e megalómanas, mas também um povo capaz de integrar diferenças.
Dir-me-ão que a capital, como cá, não é expressão da França toda. Não é!
Paris, como outras cidades do mundo, tem em si o melhor e o pior do seu país.
Falta-lhe a autenticidade dos agricultores conservadores do país profundo.
Falta-lhe a habilidade dos mafiosos da costa sul, a coragem e a tenacidade das margens Norte da República.

Mas tem, e isso sente-se no ar, um pouco de tudo o que a França foi, é e será ao longo da história das civilizações europeias.
E isso, gostemos mais ou menos de alguns pontos, faz parte de todos nós.

A grandeza maior... é que em Paris sente-se o mundo. Não nas embaixadas dos países mais ou menos poderosos, mas nos rostos de cada ser humano. Nas ruas, no metro e em cada edifício que visitamos.

E é bonito ver, que para além dos “boulevar’s” e das “Avenues” com os nomes de cada País do Mundo, podemos encontrar tributos a quem faz a história da humanidade... as pessoas de cada povo.

quarta-feira, março 22, 2006

O Março de 2006


Como já perceberam, tenho estado por fora, mais precisamente por terras de França.
E Paris continua uma festa!
E, fundamentalmente, revela uma capacidade de mobilização que admiro nos Franceses desde a Célebre Revolução.
Admiro um povo com capacidade de indignação.
Um Povo que se recusa a aceitar as coisas que considera erradas.
É claro que não aprecio os actos de vandalismo.
E por essa razão, nem me parece justo queimar carros e partir cidades, como também não me parecem justas leis altamente discriminatórias como é o caso do "CPE".
E o poder... exactamente porque detém autoridade, quando mal conduzido, pode ser bem terrorista.
É que é de suprema injustiça para todos os que têm menos de 26 anos poderem ser despedidos de forma arbitrária... como é terrível para os que têm mais de 26 saberem que os patrões tipo "pato bravo" passarão a contratar apenas os despedíveis.
Há ainda outra coisa que admirei nestes dias em que assisti a muitos debates na TF1, a forma como gente de todas as proveniências aderiu à contestação.
Portugueses, Argelinos, Marroquinos, Franceses, Italianos e muitos, muitos outros. A Sharon Stone é um exemplo muito interessante... que não pude deixar de apreciar...
Ainda mais curioso... a principal líder (é verdade trata-se de uma mulher!) é uma jovem de origem Magrebina e não se cansa de fazer apelos à contestação pacífica.
Revoltante é a falta de capacidade de dialogo do Senhor D. Villepin, que, contra a vontade dos seus parceiros do poder, se recusa sequer a considerar a possibilidade de discutir o assunto.
Parece-me que o senhor ainda não percebeu o destino dos reis sóis em fim de carreira.
E para além de tudo isto... Paris é sempre Paris! Uma festa!

terça-feira, março 14, 2006

O mau feitio


Ontem li num jornal Açoreano os comentários de um jornalista sobre o bem conhecido mau feitio de Mário Soares.
Este jornalista referia que, por várias vezes, quando as entrevistas ou algumas perguntas em particular, não corriam de feição, Mário Soares reagia de forma brusca, autoritária, silenciando os incómodos inquisidores.
Até posso compreender que nem sempre os jornalistas têm o bom senso que a profissão obriga.
Até posso aceitar que, muitas vezes, em contextos específicos, existe uma tentação de um certo tipo de jornalismo para procurar temas mais quentes em detrimento dos temas do momento.

Posso compreender muita coisa!
Só não posso compreender, nem aceitar, que um político experiente não saiba a diferença entre diplomacia e grosseria.

A atitude de Mário Soares ao não cumprimentar Cavaco Silva na tomada de posse, revela um não saber perder fora de todos os limites toleráveis da irracionalidade.

Não é bonito nem lhe fica bem.

E, sobretudo, prova que todos nós que decidimos não votar nele para voltar a ser presidente, acabámos por fazer um serviço à Nação. Mesmo que também não gostemos de Cavaco Silva.

É que o sentido democrático não se demonstra nas vitórias, mas, sobretudo, na forma como encaramos as derrotas!

quarta-feira, março 08, 2006

Como gosto de lixo - parte III

E depois dos 3 R's - Reduzir ; Reutilizar e Reciclar - ficamos com toda a montanha de lixo ao qual não sabemos que fazer...
O tal que não conseguimos, à partida, transformar em nada de positivo.
Aqui falta um R, talvez o de Resolver!
Todos os que têm lareiras, salamandras e outro tipo de queimadores já passaram por situações que, de alguma forma, podem simular a solução.
Quando temos excesso de papel e pouca lenha, podemos usá-lo como fonte de energia numa salamandra.
Não é a forma ideal de utilizar este tipo de lixo. É pouco digna para este nosso Amigo, porque facilmente o poderíamos transformar em papel reciclado.
Podemos queimar plásticos e outros materiais combustíveis nas lareiras e salamandras, mas, regra geral os cheiros produzidos são altamente desencorajadores. E, mais uma vez, podemos dar outras utilidades mais nobres a estes materiais...
Agora imaginemos que possuíamos nas nossas casas uma fornalha capaz de produzir calor a partir de todo o lixo para o qual não tivessemos solução.
Imaginemos ainda que essa fornalha tinha os filtros necessários para suprimir os odores desagradáveis e reter os gases perigosos.
A essa fornalha chamaríamos co-incineradora.
Ou seja, uma incineradora que, para além dessa função, destruir pelo calor, teria uma outra função principal: produzir calor.
Ao queimarmos este lixo, estaríamos ainda a poupar os nossos recursos energéticos.
Como é mais do que evidente, uma co-incineradora doméstica é uma ideia bizarra e uma ideia altamente dispendiosa. Não porque não fosse possível produzir a estação de queima e produtora de calor, mas porque os filtros a implementar se tornariam incomportáveis em termos de custo.
Por isso, esta solução final para os nossos amados lixos deve ser vista numa perspectiva social e aproveitando grandes unidades consumidoras de energia.
Toda a gente sabe que as cimenteiras têm grandes fornos produtores de energia, para que seja possível a produção de cimentos e cal.
Sabemos também que as cimenteiras têm sido altamente responsáveis por crimes ecológicos de grande dimensão. São disso exemplo vivo, Souselas, Maceira e Outão.
É lamentável a impunidade com que os nossos "grandes" industriais desta área se têm movimentado em relação às emissões de produtos altamente poluentes para os rios e o ar.
A proposta do antigo ministro do ambiente José Sócrates para estabelecer a co-incineração nas fábricas de cimento visava resolver dois problemas fundamentais:
Por um lado obrigar as cimenteiras a resolverem de forma eficaz a questão das emissões poluentes, por outro, transformar lixo imprestável e não reutilizável em algo de útil: energia.
Pegou-se nesta questão por muitos lados possíveis. A começar pelo lado político, apenas porque alarmar populações costuma dar votos ou protagonismo.
Os movimentos ecologistas hipervalorizaram os lados menos positivos da questão (desde logo a existência de cimenteiras) e esqueceram (quero acreditar que por demasiada focalização no problema) todas as vantagens das soluções estudadas.
A comissão que fez os estudos sobre esta matéria foi presidida por um Homem que eu conheço muito bem, com o qual tive oportunidade de debater muitas vezes tudo o que se passou e disse sobre isto e que, e isso pode ser interessante para muitos, não faz parte da esfera política do partido socialista e foi escolhido porque é um especialista em epidemiologia, um Homem com uma formação sólida no que diz respeito a matérias como aquela que deve ser a grande preocupação: a segurança das populações.
Por tudo isto... eu acredito que devemos olhar para esta questão de forma partidariamente desapaixonada.
E devemos sobretudo, como povo, como cidadãos, defender que antes de entregar o nosso precioso lixo para a solução final... devemos pensar em REDUZIR, REUTILIZAR E RECICLAR para, só em desespero de causa, RESOLVER, produzindo afinal uma última mais valia: energia!

Hoje é o dia...


É o dia em que muitos países pelo mundo fora têm um forte motivo para equacionar o papel da mulher na sociedade.
Hoje é o dia Internacional da Mulher e por isso, quer sejamos mais ou menos focalizados na questão dos direitos da mulher, inevitavelmente seremos tentados a pensar ou discutir estas questões.

Como é evidente, ouvem-se comentários curiosos em dias como o de hoje, do tipo: então e o dia internacional do Homem?!

Não nos esqueçamos nunca, até porque seria preciso muita distracção, que o mundo é governado pelo detentor do falo.
O mundo foi, é e muito provavelmente será, governado pelo mais forte. Pelo mais forte no sentido físico do termo, já que existem outro tipo de forças que escapam muitas vezes ao jogo do poder.
E, por isso, cada dia que passa é o dia Internacional do Homem!
E não vale a pena negar que grande parte dos nossos insucessos enquanto espécie à superfície do planeta se deve à negação do nosso lado mais feminino enquanto Seres Humanos.
Nós Homens, temos uma natural tendência para jogos... e de poder também.
E o "fair play"... é normalmente associado a quem não gosta de vencer, a quem não tem prazer pelo sucesso...
E é por isso, porque acredito que vale a pena homenagear todas as mulheres do mundo... as Mães, as nossas Companheiras, as Filhas, as irmãs, as Amigas e todas as outras...
que digo a todas: Feliz dia da Mulher!
E Obrigado!

sábado, março 04, 2006

Como gosto de lixo - parte II


Portanto, como me parece ter ficado mais ou menos claro na primeira parte deste artigo, todo o lixo pode ter o seu lado bom. O lixo é nosso Amigo!
O lixo orgânico pode ser transformado em fertilizante, quer nas nossas casas, quer de forma industrial.
O lixo industrial pode ser reciclado, isto é, pode voltar a ser transformado em produtos novos.

Quando se fala de preocupações ecológicas devemos sempre lembrar os 3 R's:

Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

O primeiro é muito provavelmente o mais importante. Sem ele e com o excesso de população do nosso planeta e a escassez de alguns recursos naturais, secaremos o nosso mundo, esgotaremos os recursos energéticos não renováveis e poluiremos a níveis insuportáveis.
E reduzir é muitas vezes a diferença entre querer ou não querer.
Basta estar atento a pequenos gestos e alterar rotinas de consumo desnecessário.
Basta fechar as torneiras quando se entra no desperdício. Desligar as luzes quando não precisamos de iluminação, reduzir o aquecimento das nossas casas e, no verão, reduzir a utilização de ar condicionado.
Ao nível social importa ainda lutar por uma gestão equilibrada ao nível autárquico, defendendo a implementação de transportes colectivos que permitam conforto e rapidez e nos permitam deixar o carro em casa.
É o primeiro e é sem dúvida o R mais difícil de implementar, porque depende de todos, na medida em que depende de cada um!
O segundo R é também do âmbito da consciência individual.
Reutilizar é uma prática difícil quando pensamos que o que define a maior parte dos seres humanos é a atracção pela novidade.
Ao procurarmos de forma quase obcessiva tudo o que é novo, tendemos a deitar para o lixo coisas que estão ainda em perfeito estado de utilização.
Para além disso, como nos achamos muito civilizados, tendemos a gozar com aqueles que reutilizam até à exaustão os materiais que possuem.
Lembro-me, a propósito deste R, do que era prática em Marrocos há cerca de 10 anos: Um pneu, depois de ser usado no automóvel até aos seus limites, passava às carroças puxadas por animais onde rodava mais uns tempos.
Depois, era utilizado nas paredes de recipientes vários. E, por fim, acabava nas sandálias das multidões.
É um exemplo apenas, mas recordo-me que em Portugal, há muitos anos, se faziam maravilhas com material abandonado.
Lembram-se dos carrinhos feitos de latas de conserva?!
O último R depende da indústria, mas depende também de cada um de nós.
Para que as autarquias reciclem o nosso lixo, é crítico que o separemos e depositemos nos locais adequados.
Para isso é preciso vencer a inércia e fazer o que ensinam aos nossos filhos.
É um esforço que os nossos netos nos agradecerão.
E depois, importa ainda preferir os materiais que são fruto da reciclagem!
Sobram ainda todos aqueles produtos que não é possível nem reutilizar, nem reciclar.
A esses, o destino é ou o armazenamento ou a destruíção.
Temos como exemplo, no limite, os resíduos nucleares, mas existem muitos outros.
  • Os materiais contaminantes dos hospitais.
  • Todos os produtos químicos que resultam da utilização de máquinas ou de indústrias.
  • E muitos, muitos outros.
Em relação aos resíduos nucleares, porque não se conhecem formas, nem de reutilização, reciclagem ou mesmo armazenamento seguro, alguns defendem o seu envio para o espaço.
Deixando de fora as questões éticas de povoar o espaço exterior com o nosso lixo, imaginem os custos energéticos que essa solução comporta. Porque é necessário construir naves de transporte e alimentá-las com o necessário combustível...
Mas voltemos à questão da destruíção dos lixos que não conseguimos tratar de outra forma.
A discussão do momento é a co-incineração... mas fica para a parte III.

Ao Norte... ao Norte!

Faço aqui um pequeno interregno nos artigos sobre o lixo, para vos dizer a todos que o link Portugalícia já mexe.
Após alguns comentários sem artigo, o meu Amigo José Rocha, lá deu início ao seu próprio blog, mais direccionado para assuntos do Norte, ou melhor dizendo da Nação Galaico Duriense.

Estamos de olho nele!

Como gosto de lixo! – parte I


O lixo é uma coisa boa...
É verdade! Acreditem! O lixo é nosso Amigo!
Todos nós conhecemos pessoas que têm o lixo bem à beira da porta de casa. Que o vão acumulando e enriquecendo criteriosamente.
Umas cascas de batata hoje, restos de fruta já podre, excrementos do gado vacuum e todas as espécies de matéria orgânica que se podem acumular e transformar.

Sinais dos tempos, porque não era muito bonito nem higiénico acumular tanta matéria em decomposição tão em cima da família, tenho na minha casa do Porto uma pequena central de compostagem onde vou depositando o meu lixo doméstico.
É bonito ir vendo o meu lixo crescer e transformar-se progressivamente na futura terra dos meus canteiros.

É verdade! Gosto muito do meu lixo!

Há outro tipo de lixo do qual eu gosto menos, que é assim como aqueles conhecidos com que nos cruzamos, mas pelos quais não podemos afirmar ter afectos profundos.
Estou-me a referir a todas as garrafas que usei, aos papeis que vou utilizando e perdem a serventia, aos plásticos (os plásticos, meu Deus, quanto se poderia dizer sobre eles), as pilhas sem carga e todas as infinitas embalagens que usamos no nosso dia a dia de animal consumista.
Mas não é por não sermos Amigos intímos que gosto menos deste lixo.
Aprecio-o. Não a sua companhia, mas o que ele ainda pode fazer por nós. Que é muito. Não duvidem. Basta que lhe dediquemos a atenção necessária.
Com alguma periodicidade (demasiada, o que quer dizer que gastamos demais) lá vou ao ecoponto depositá-lo, cada lixo em sua cor.
Porque entendo que faço demasiado lixo, troquei as pilhas descartáveis por pilhas recarregáveis, trago o menor número possível de sacos plásticos do super-mercado e vou-me forçando (não é fácil) no sentido de contrariar maus hábitos diários.

Também posso dizer, em função disto, que tenho alguma simpatia por este lixo menos domesticável!

Há ainda outro lixo, que também vai aparecendo cá por casa, que me consome o juízo.
É do tipo daqueles sujeitos que aparecem sem ser convidados e tardam em ir embora.
Os óleos alimentares, as tintas que sobram em cada pintura que fazemos e imensos produtos químicos que os ecopontos não aceitam. (O do Porto, pasmem, não sabe o que lhes fazer! Sugere que se misturem com o primeiro tipo de lixo, assim do género: porque não faz uma caldeirada?!)

Pobre lixo que parece tão imprestável!
Como é evidente, quando organizada, a sociedade pode voltar a dar dignidade a estes detritos, transformando-os em novas coisas.
É preciso vontade política, que o mesmo é dizer, vontade de fazer algo pela sociedade em que vivemos.

É por estas razões que fico imensamente triste quando vejo maltratar algo de tão precioso como todos os restos de coisas boas que referi.
Fico triste, imensamente triste, quando vejo que vivo num País em que o Povo é capaz de abandonar este tipo de riqueza em qualquer ponto do pequeno rectângulo Nacional, desde o litoral ao interior profundo.
Fico chocado quando, em plena Serra da Freita (lá para os lados de Arouca), ao olhar para o espectáculo que é a Frecha da Mizarela (uma cascata lindíssima) podemos em simultâneo observar a publicidade à Coca-cola (a de sempre), às águas puras do Luso, do Caramulo, da serra da estrela e a várias marcas de batata frita e produtos afins, criteriosamente espalhados pela encosta do miradouro.

Temos um País que deve ser visto pelos seus habitantes como um grande Ecoponto, do tipo polivalente, em que tudo se pode misturar para dar um resultado multicolor.

Pois é! É exactamente porque Amo o meu lixo que acho que o devemos tratar bem.

Mas adiante... porque este artigo já vai longo... amanhã ou depois escreverei a parte II que será sobre a tão falada co-incineração. Aliás, temo que tenha que escrever também a parte III. Depois veremos!

quarta-feira, março 01, 2006

Os consensos


Há alguns dias, enquanto bebíamos um copo no bar Saloon do Porto, eu, o José Rocha, o nosso Amigo Vatamico e a Carmen, discutíamos a actividade que vamos tendo e vendo na "blogosfera".
Nessa altura fui acusado de estar a tentar ser consensual. De abordar os temas de forma pouco característica, quando tendo em linha de conta que, nas discussões entre Amigos, sou, regra geral, bem mais combativo e peremptório.

Como é evidente não concordo de forma alguma com essa leitura sobre os meus textos e os seus conteúdos.
Não procuro o confronto violento, mas não fujo às opiniões claras sobre nenhuma matéria, salvo quando efectivamente não tenho opinião (o que não é habitual).

Isso é assim em relação a muitos temas já abordados neste blog, como p.e. a despenalização da prática do aborto, em que defendo muito claramente o direito à opção das mulheres que se encontram frente a uma decisão dessas.
É assim no que diz respeito à eutanásia, em que defendo também o direito a que cada cidadão possa escolher o momento da sua morte ou naquelas situações em que o profissional de saúde deve poder determinar quando se passou o limiar da humanidade e é imperativo desligar os apoios artificiais à vida.
Tenho uma opinião clara sobre a pena de morte, entendendo que em circunstância alguma devemos privar qualquer ser Humano do direito à vida, mesmo quando nos parece ser esse o caminho mais sedutor em determinados momentos e perante certos criminosos.

E reparem que, numa leitura rápida, bastariam estes temas para poder ser acusado de incoerência, quando a mim me parece evidente e fácil de provar que é bem ao contrário. Há uma linha de orientação comum em cada um destes assuntos.

Também no que diz respeito ao casamento livre entre pessoas, independentemente dos seus credos, cores, sexos ou outras diferenças sou claramente a favor.
Como defendo que, mesmo quando há claras maiorias é fundamental o respeito pelas minorias.
Parece-me claro que a lei deve servir o social e não servir como impeditivo ao desenvolvimento da sociedade e que, por essa razão, não vale a pena proibir o que não pode ser sequer limitado, valendo sim a pena regulamentar, para ao menos moralizar e tornar mais humano. A proibição da prostituíção enquadra-se no tipo de lei que é contra toda a lógica.
Também não procuro consensos quando entendo que o uso de drogas não deve ser proibido mas sim regulado, pois acredito que cada ser Humano tem todo o direito à dignidade mas não pode ser obrigado a viver vidas que não quer.
Viver em liberdade deve ser sempre uma opção individual. A liberdade só faz sentido assim!
Num próximo artigo falarei sobre este assunto que me parece de importância crescente na nossa sociedade.

Não! Não me preocupo com consensos.
Tenho opiniões muito claras. Defendo-as de forma enérgica.
Só não me parece é que seja obrigatório zangarmo-nos por causa disso!

Porque sei, tenho a certeza absoluta, que se todos pensássemos da mesma maneira isto não teria graça nenhuma.

Apenas não tenho paciência para defensores de genocídios, de holocaustos, de censuras prévias, e de muitas outras coisas que, obviamente, me impediriam de ter opinião.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

A Democracia é o pior de todos os sistemas...


Há temas que, invariavelmente, levam a uma grande crispação.
De todos, aquele que me parece mais frequente na criação desse estado de espírito, aqui traduzido em estado de letras, é a política.
Mais do que o tema religioso, o tema da homossexualidade e do casamento entre “gays”, do tema do aborto, do tema dos cartoons e da terrível guerra dos mundos, cada vez que se abordam temas relacionados com a diferença entre esquerda e direita, os ânimos aquecem, surgem comentários anónimos e troca de piadas.
Ao visitar outros blogs, apercebo-me que a crispação acontece por outros lados, às vezes com diálogos irritados entre conterrâneos ou entre desconhecidos.
Muitas vezes os autores e os comentadores irritam-se (eu incluído).

Eu acredito que isso se deve a 48 anos de amordaçamento.
48 anos em que falar poderia ser um crime grave, punido com prisão, degredo ou exílio, às vezes com a morte.
48 anos em que era possível eliminar fisicamente adversários políticos.
48 anos em que não se votava regularmente e que, quando isso acontecia, votavam também os mortos, porque esses votavam sempre no poder. (o meu Pai, que era Professor Primário numa aldeia do interior, preencheu muitos boletins a mando do cacique local).
48 anos em que o estado era invadido pelos piores tentáculos da igreja.
48 anos em que os melhores da igreja eram ostracizados ou perseguidos.
48 anos em que o povo era metodicamente embrutecido para alegremente ser obediente.
48 anos em que se acreditava no pior do nosso hino e se gritava “Às Armas... às Armas” em vez de proclamar este “Nobre Povo, Nação Valente e Imortal”.
48 anos em que se afirmou o ideal da Raça num País que se poderia ter visto como multi-racial.

E depois aconteceu Abril!

E vivemos anos de loucura. Anos de deslumbramento. De excessos. De Paixões. De Esperança... e desesperanças.

Hoje, 32 anos após a nossa revolução de cravos na ponta das espingardas, valeria a pena sarar algumas feridas e, de forma mais madura, com a força dos Amores crescidos, reflectir sobre as nossas grandes conquistas.

Temos muita coisa menos boa, fruto da nossa revolução apaixonada, mas também, da nossa herança pesada.
Mas temos um grande património. Podemos pensar livremente e falar ou gritar o que nos vai na Alma.

Como diria o Poeta Cantor Sérgio Godinho numa das suas canções “A Democracia é o pior de todos os sistemas... à excepção de todos os outros”.

Viva a esquerda e a direita, porque são ambas parte da nossa condição Humana.

Possamos nós escolher sempre o lado em que queremos estar!

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

O Vasco Granja


Ao ler alguns comentários recentes a artigos deste blog lembrei-me de um assunto que me parece interessante partilhar convosco.
O meu Amigo Marco, na brincadeira, enviou-me cumprimentos do Vasco Granja (tratava-se de uma resposta a uma "boca" do Óscar.
Daí até entrar no saco fundo onde guardo os meus neurónios responsáveis pela memória, foi um salto de pardal.
A minha Amiga Sulista respondeu perguntando se nós conhecíamos o Vasco Granja, o que, infelizmente, não é totalmente verdade.
Conhecemos, mas apenas do pequeno ecran...

Dei um pouco aos dedos na internet e descobri que o vasco Granja tem 77 anos, que é a idade em que Hergé achava que a BD deixava de ser leitura interessante.

Quando eramos miudos e queríamos ver os bonecos tínhamos que esperar pacientemente.
A oferta era escassa. Resumia-se a uns breves 15 minutos diários de Super Rato, de speedy Gonzalez ou de Bip Bip.
Aos domingos tínhamos o prazer sublime de ver cinema de animação por um período mais longo, com o Walt Disney a apresentar os seus herois.
Estes momentos curtos espicaçavam ainda mais o nosso interesse. De tal forma que uma ida ao cinema para ver o Ben-Hur ou os 10 mandamentos tinha o momento mágico na animação inicial.
Era lindo!
Foi aí, já depois do 25 de Abril, que apareceu o Vasco Granja. Com desenhos do outro mundo. Uns melhores... outros nem por isso.
Variedade e muito mais tempo para rir.
Bonecos feitos de tudo. De plasticina, de cordel e de muita imaginação.
Mas havia vida para além da animação...
Divertiamo-nos a ver o cartaz TV (a minha filha nem quis acreditar que conseguíssemos passar uma hora por semana a ver a programação dos dias seguintes).
O “Se bem me lembro” do Vitorino Nemésio era magnético para mim.
E as séries não eram diárias como hoje são as telenovelas. Eram semanais.
Uma das que recordo com mais nostalgia era “Casei com uma feiticeira”.
Há alguns dias, ao ver a reposição no canal 2, fiquei em estado de choque ao saber que a protagonista já tinha morrido (de velha!).

Todo este palavrado revivalista serve um propósito fundamental: reflectir sobre os efeitos da escassez e os efeitos da abundância.

Quando a oferta era pouca. Usavamos os nossos tempos de espera ansiosa a fazer construções com Lego, a ler os livros dos "Cinco" (li mais de vinte vezes "os cinco voltam à ilha"), bem como dos "Sete" e a fazer aquelas coisas que enlouqueciam os nossos Pais.
Nos momentos em que a televisão nos dava o que queríamos, aproveitávamos ao máximo.
E depois...
Ouvíamos música... mas como tínhamos poucos LP’s (por acaso nem tenho saudades do vinil), cada disco era tocado até só se ouvirem as batatas a fritar.

Hoje que a oferta é muita, provavelmente excessiva, valoriza-se pouco o que temos. Usamos demasiado tempo em frente ao televisor a fazer “mappling” e “zapping” e achamos que os momentos que temos entre estas actividades e os computadores são enfadonhos e difíceis de suportar.
Como Pai, acho que nem sou dos que terão mais razões de queixa. A Joana lê bastante, gosta de conversar de viva voz com os Amigos. Ouve música (até bastante audível) e sabe divertir-se... Nem liga muito à televisão.

No entanto... reflito muitas vezes sobre esta questão: devemos restringir o acesso à internet e à televisão aos nossos filhos?
Tenho Amigos que têm horários apertados para cada coisa. Faz sentido?
É que eu acho que é proibido proibir... mas também não gosto de excesso de facilidades...