quinta-feira, dezembro 29, 2005

Muitos dias por estrear...

Como dizia "Quino" através de um dos personagens da sua "Mafalda", um ano novo é um conjunto de dias por estrear...
A ciência está em saber usá-los o melhor possível.
2005 já era... com todos os seus momentos melhores e os piores.

Ao nível dos melhores momentos, destaco um que me pareceu de importância crítica para o futuro de Portugal, que foi a eleição de uma nova maioria no Parlamento, fruto do exercício de um dos poderes mais importantes do presidente da República.
Que não restem dúvidas que se trata de um poder vital para o bom funcionamento da Democracia, que à esquerda e à direita tem tido detractores, consoante o governo a apear seja ou não de sinal contrário.
E foi assim que, em 2005, vi alguns dos que tinham aplaudido a decisão de Mário Soares - em não dar ao parlamento (maioria PS/PRD) a possibilidade de voltar a constituir governo - criticar durissimamente Jorge Sampaio por ter inviabilizado um novo governo PSD/PP e convocado eleições antecipadas, apesar de haver uma maioria parlamentar.
Da mesma forma, vi gente bater palmas, quando muitos anos antes tinha arrancado cabelos por causa da decisão de Soares.
No primeiro momento, os Portugueses estavam alinhados com o sentimento do presidente de que havia necessidade de estabilidade e deram uma maioria absoluta a Cavaco Silva, como no segundo momento, deram maioria absoluta a Sócrates.

Refiro esta questão antes de reflectir sobre as minhas expectativas para 2006, porque me parece que, sob o ponto de vista da vida política, a eleição do Presidente da República será marcante para todo o ano e seguintes.

Para 2006, espero que sejamos capazes de escolher um Presidente com capacidade de isenção, capaz de separar as suas simpatias partidárias do exercício do poder.
Espero também que o nosso futuro presidente saiba estabelecer de forma clara o primado do Homem sobre a economia.
Espero que a economia seja colocada ao serviço dos Portugueses e não o contrário.
Desejo que o nosso futuro Presidente seja capaz de aproximar a lógica do possível daquela que é a lógica dos nossos ideais.

E é por isso que não posso votar em candidatos que se preocupam mais com a saúde da economia do que com o bem estar dos Portugueses, com a saúde de empresas a aumentar o lucro à custa da dispensa dos seus funcionários.
E por isso não votarei Cavaco Silva!

E é por isso que não posso votar em candidatos que estão mais preocupados com o seu umbigo, com as suas "guerras pessoais".
E por isso não votarei Mário Soares!

E é por isso que não posso votar em candidatos mais preocupados em gerir a agenda dos seus partidos!
E por isso não votarei nem Jerónimo de Sousa, nem Francisco Louçã!

Como não votarei em tantos outros candidatos, por melhores e mais apetecíveis que possam ser as suas intenções... porque quero ajudar a eleger um Presidente!

E por isso votarei Manuel Alegre!
Convicto que em muitos pontos divergirei consideravelmente do seu posicionamento.
Mas certo que votarei no respeito pelos Portugueses.
Certo que votarei no candidato mais próximo dos meus ideais Humanistas.

E... já agora... se não for pedir muito para 2006, gastarei algumas uvas passas a desejar que José Socrates não se esqueça do seu referencial ideológico e governe de acordo com os princípios com que foi eleito.

Para todos um Bom ano 2006

5 comentários:

Anónimo disse...

Bonne Anèè!
Bonne Anèè!

A bientôt!

Bisous e boas entradas em 2006 :-)

A Sulista

JL disse...

Com ou sem Alegre (de preferência sem :-)) faço votos que os 363 dias novinhos que aí vêm te tragam muitas Alegrias!

Eduardo Leal disse...

Amigo João... 363 dias???

Não me digas que alguém já nos roubou 2 dias?!

JL disse...

Eram os que faltavam para completar o ano no dia em que escrevi o comentário :-)
Não posso formular desejos sobre o que já passou, não é?

Eduardo Leal disse...

Amigo Vatamico.
Exactamente porque a História é sagrada, não podemos esquecer que quando Soares recebeu os partidos políticos após a dissolução parlamento, o PS e o PRD (que já antevia o seu fim eleitoral) propuseram um governo de coligação.
Felizmente que Soares não achou por bem viabilizá-lo.
Apesar da triste vitória de Cavaco por maioria absoluta, fez-se a vontade ao povo que, quer gostemos ou não, é o sentido último da Democracia.