quarta-feira, março 01, 2006

Os consensos


Há alguns dias, enquanto bebíamos um copo no bar Saloon do Porto, eu, o José Rocha, o nosso Amigo Vatamico e a Carmen, discutíamos a actividade que vamos tendo e vendo na "blogosfera".
Nessa altura fui acusado de estar a tentar ser consensual. De abordar os temas de forma pouco característica, quando tendo em linha de conta que, nas discussões entre Amigos, sou, regra geral, bem mais combativo e peremptório.

Como é evidente não concordo de forma alguma com essa leitura sobre os meus textos e os seus conteúdos.
Não procuro o confronto violento, mas não fujo às opiniões claras sobre nenhuma matéria, salvo quando efectivamente não tenho opinião (o que não é habitual).

Isso é assim em relação a muitos temas já abordados neste blog, como p.e. a despenalização da prática do aborto, em que defendo muito claramente o direito à opção das mulheres que se encontram frente a uma decisão dessas.
É assim no que diz respeito à eutanásia, em que defendo também o direito a que cada cidadão possa escolher o momento da sua morte ou naquelas situações em que o profissional de saúde deve poder determinar quando se passou o limiar da humanidade e é imperativo desligar os apoios artificiais à vida.
Tenho uma opinião clara sobre a pena de morte, entendendo que em circunstância alguma devemos privar qualquer ser Humano do direito à vida, mesmo quando nos parece ser esse o caminho mais sedutor em determinados momentos e perante certos criminosos.

E reparem que, numa leitura rápida, bastariam estes temas para poder ser acusado de incoerência, quando a mim me parece evidente e fácil de provar que é bem ao contrário. Há uma linha de orientação comum em cada um destes assuntos.

Também no que diz respeito ao casamento livre entre pessoas, independentemente dos seus credos, cores, sexos ou outras diferenças sou claramente a favor.
Como defendo que, mesmo quando há claras maiorias é fundamental o respeito pelas minorias.
Parece-me claro que a lei deve servir o social e não servir como impeditivo ao desenvolvimento da sociedade e que, por essa razão, não vale a pena proibir o que não pode ser sequer limitado, valendo sim a pena regulamentar, para ao menos moralizar e tornar mais humano. A proibição da prostituíção enquadra-se no tipo de lei que é contra toda a lógica.
Também não procuro consensos quando entendo que o uso de drogas não deve ser proibido mas sim regulado, pois acredito que cada ser Humano tem todo o direito à dignidade mas não pode ser obrigado a viver vidas que não quer.
Viver em liberdade deve ser sempre uma opção individual. A liberdade só faz sentido assim!
Num próximo artigo falarei sobre este assunto que me parece de importância crescente na nossa sociedade.

Não! Não me preocupo com consensos.
Tenho opiniões muito claras. Defendo-as de forma enérgica.
Só não me parece é que seja obrigatório zangarmo-nos por causa disso!

Porque sei, tenho a certeza absoluta, que se todos pensássemos da mesma maneira isto não teria graça nenhuma.

Apenas não tenho paciência para defensores de genocídios, de holocaustos, de censuras prévias, e de muitas outras coisas que, obviamente, me impediriam de ter opinião.

6 comentários:

Eduardo Leal disse...

Hoje, ao tentar saber o que se passa com o sentido proibido, descobri este artigo na página do blogger:

Bem! Adeus.
19 fev. 2006 por nunofigueiredo
Este blog perdeu validade. Parto para outro. Dos que ja tive este foi o menos visitado. Porque será? Continuarei a visitar ea comentar os meus preferidos. Abraço. Até breve.

Mas qual é o outro?
Vá lá! Queremos saber.

Unknown disse...

Não concordo quando dizes “ …que se todos pensássemos da mesma maneira isto não teria graça nenhuma.” Se calhar até tinha! Ainda bem, isso sim, não sabermos e nem sequer termos a certeza disso.
O ser humano não é um “animal” que aparece neste mundo para ser um seguidor de ideias mas sim de ideais. Quem segue ideias, não pensa, não é racional, por vezes até se torna agressivo.
Ainda bem que pensas … nem que sejas o único … já somos dois!

Abraços

JL disse...

Já travei muitas conversas animadas contigo por termos em muitas matérias pontos de vista que, cruzando-se em diversos vértices, divergem noutros. E não posso estar mais de acordo com o Vatamico quando diz que aqui não se sente a tua enérgica e estimulante defesa dos teus pontos de vista.
Mas é normal. Perfeitamente normal.
A começar porque a escrita suaviza muito mais as nossas ideias. Nela falta, tantas vezes a ênfase que colocamos nesta ou naquela ideia.
Porque a interactividade é menor neste espaço do que numa amena cavaqueira.
Porque tendemos, e isso não é crime, a colocar as coisas para que elas fiquem claras ao primeiro olhar, por se tornar mais difícil rebater.
Porque com os nossos amigos, que nos desculpam alguns excessos, podemos usar uma linguagem mais expressiva e gestual.
Porque temos a limitação que nos é imposta pelo pouco tempo que, sabemos, cada leitor dispensa ao nosso espaço e, por conseguinte, tendemos a condensar o mais possível.
Porque não há mal nenhum, pelo contrário, de colocar os vários vértices do triângulo para que cada leitor decida, por si, qual prefere.
Por estas razões e outras que agora não me ocorrem acho que é perfeitamente normal e não deves, por isso, julgar que estás menos combativo na defesa dos teus ideais e pontos de vista.

JL disse...

Já agora:
Também dei conta há uns dias que o Sentido Proibido do amigo Nuno Figueiredo está vedado ao trânsito.
Se ele, por ventura, voltar andar por aí que diga onde se encontra agora.

Zel disse...

Quando defendemos as nossas ideias com convicção e acima de tudo com respeito para com os outros, estamos no caminho certo, partilharmos todos das mesmas não! Impossível!

Infelizmente, muita gentinha não sabe aonde fica a barreira do civismo e da educação, alguns escondem-se no anonimato, e por ai além.

Alguns dos meus maiores amigos não são do meu clube nem das minhas cores partidárias, mas isso não interfere na nossa amizade dá sim assunto para uma "boas" conversas...rsssss

Tenho muita leitura lá para cima, quando tiver mais tempo digo alguma coisa!

Grande abraço

Anónimo disse...

Where did you find it? Interesting read » » »