terça-feira, junho 06, 2006

As fogueiras do nosso conhecimento...

Não há pior caos do que o acumular de conhecimentos...
Isto a propósito de uma das minhas mais antigas angústias existenciais, que se desencadeia, invariavelmente, todas as vezes que visito a feira do livro.
Não por ser a feira do livro do Porto, específicamente, mas por se tratar de um espaço carregado de milhares de livros por ler.
E... sei bem que todos esses livros são uma pequena gota de água em tudo o que está publicado no mundo.
A angústia deriva da enorme frustração de eu saber que nunca, nem em mil vidas, conseguirei ler tais livros, nem mesmo os autores todos.
Sei bem que se trata de uma tarefa impossível a qualquer um. Sei bem que o acumular de conhecimentos, esse conhecimento de tudo, não se traduz, necessariamente, em sabedoria.
Porque um sábio não é quem conhece... é quem sabe usar os seus conhecimentos, por menores que sejam.
Mas, que querem... fico com pena.
Lembro-me sempre de um professor de cosmologia que nos dizia que, por sabermos de antemão que nunca leríamos todos os livros que valem a pena, não deveríamos perder tempo com livros sem a capacidade de nos "agarrarem".
E, por causa dele, tenho deixado por ler alguns livros que, pelo menos em certos momentos, me parecem mais enfadonhos.
E às vezes, com a curiosidade de algumas palavras que apenas "bateram" no subconsciente, lá volto a eles à procura de uma possível reconciliação.
E, quando calha, ela lá acontece.
Mas voltando ao caos do excesso de informação... e da nossa incapacidade enquanto vulgares "Homo sapiens sapiens" de poder ler tudo, tremo de pensar que outros, talvez mais angustiados do que eu possam lembrar-se um dia do fim das "bibliotecas de Alexandria" da nossa humanidade.
Os livros... são a pior das ameaças para a intolerância e para o humanismo. E é, provavelmente por isso também, que os tiranos se esforçam por dar largas aos mais primitivos instintos pirómanos.
Eu, que uso o computador com algum desenbaraço e entusiasmo, continuo a preferir o papel para as minhas leituras...
Mas reconheço, com medo e tristeza, que sendo os livros mais resistentes aos "bugs" de qualquer Windows mal humorado, ou aos vírus de alguém menos bem intencionado, não resitem facilmente ao bicho do papel nem às chamas do obscurantismo.
Os livros são por isso... o espelho mais real das nossas civilizações... tangíveis, mas frágeis.
E... talvez por isso... porque nos pedem colo e se acomodam nas nossas mãos... continuo apaixonado.

7 comentários:

Al Cardoso disse...

Eu tambem e, so tenho pena de nao poder ler tanto quanto queria.

Um abraco da Beira para a Portogalicia.

Carmen disse...

E é uma paixão que nos une!!! e fico tão feliz a ver a nossa filha a desensacar os livros que comprou na feira do livro, e a disfurtar do prazer dos folhear e a ler, em voz alta, alguns excertos...
É bom partilhar paixões!!

JL disse...

Sempre te conheci assim: um apaixonado pela leitura e, simultaneamente, uma amarga frustração por não leres tudo o que gostarías. Como te invejo, caro amigo.
De qualquer forma concordo contigo que o conhecimento sem uso não serve de nada. Ou de pouco servirá. Escrevi isso, há tempo, num artigo sobre o cromo do babeiro :-) Um abraço

Anónimo disse...

eu tambem adorava ler muiiiiiiiito mais livros do que leio. E este ano, ainda não fui à feira do Livro de Lx só para não sentir isso que dizes...

Atão e para quando voltar a ter um blog activo?

;-)

Anónimo disse...

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