quarta-feira, abril 26, 2006

Lembrar Abril

E quando fechei o livro, no sagrado desconforto de um prazer terminado, senti que tinha tocado ao de leve numa das respostas necessárias.
Não a resposta à eterna pergunta do “quem sou”, mas à outra: “o que faço aqui”?.
Este livro que fechei – A sombra do Vento de Carlos Ruiz Zafón - é um exemplo de angústias, de histórias tristes como a alma do mundo, deste mundo povoado, e, no entanto, até porque o final é uma promessa de felicidades... fez-me acreditar.
Estamos cá... à procura do deslumbramento!
E ele chega, por vezes, nas páginas de um livro.
Este acreditar que há sempre esperança, mesmo quando tudo insiste em nos lembrar que a história dos homens está repleta de páginas de sangue e ódio.
Acabei de ler o livro nesta tarde de Abril, no dia 25 deste mesmo mês.
E... reconheço agora que a sua história se repetiu em Portugal nalguns dos pontos mais crueis na história recente do meu País.
Cá, como em barcelona - sendo certo que com menos cicratizes e ódios menos refinados – pisaram-se sonhos e torturaram-se muitas vozes com esperança.
E é por isso que eu digo, sobretudo à minha filha Joana, que na mesma tarde de 25 de Abril, mas de 1994, deu os seus primeiros passos na Praça da Liberdade, que não deixe que ninguém lhe minta, dizendo que não há ou houve inspectores “Funero”.
Que não consinta que lhe ocultem as passagens negras da nossa pobre humanidade.
E... sobretudo... que faça que para ela haja sempre Abril.
Uma esperança infindável.
Porque... apesar de tudo... pelo sonho é que vamos.

1 comentário:

Carmen disse...

Pois é, mas que os sonhos nunca nos façam esquecer os "inspectores" desta vida, e que nunca permitamos que eles nos façam esquecer os sonhos...
Beijo forte!