segunda-feira, fevereiro 13, 2006

O Juíz decide... por favor...

Hoje voltei a viver uma experiência muuuuito interessante.
Fui pela terceira vez ao tribunal criminal do Porto (ao 2ºjuízo) na esperança de poder resolver um assunto já com alguns anos.

A esperança, diz o povo, é a última a morrer... e como eu sou um Homem de fé, lá fui à hora marcada.
Mas... comecemos pelo princípio.

Há cerca de 3 anos (já nem me lembro com exactidão), ao trazer a minha filha da escola para casa, ao fim do dia, presenciei uma daquelas situações desagradáveis de uma discussão motivada por complicações de trânsito.
Uma senhora já com uma certa idade (mais de 60 anos) descarregava o carro obstruindo ligeiramente a rua.
Um condutor viu-se obrigado a parar o carro e iniciou-se a habitual troca de buzinadelas (para desespero dos peões passantes) e daí aos mimos do costume foi um instante.
De súbito, saltam do interior do automóvel 2 Homens e uma Mulher que iniciam um espancamento público digno das sequelas da guerra do Iraque.
No momento em que me vi forçado a intervir (a medo, claro!) já havia sangue e foi necessário ameaçar com a polícia para que a agressora deixasse de trincar a mão da agredida.
Foi isto! O agressores arrancaram à pressa (o milagre do desentupimento do trânsito aconteceu) e eu lá acabei por deixar os meus dados, a matrícula dos meliantes e a promessa da minha boa vontade.

Não imaginava onde me estava a meter!
2 anos depois fui depor à polícia (que me agradeceu a disponibilidade) e contei esta mesma história.
Em Dezembro foi marcada uma audiência num dos tribunais do Porto. Lá fui, esperei 2h30m e comunicaram-me que por falta de um arguido tinha sido adiada para Janeiro.
Em Janeiro lá voltei a estar. As testemunhas (que agora são mais que as mães e afiançam terem lá estado todas! Milagre das rosas aplicado aos amigos dos arguidos) não faltaram... os arguidos também não, nem tão pouco a queixosa.
É preciso deixar bem claro que eu já não conseguia reconhecer ninguém!
Os advogados compareceram e por isso esperámos mais 2h e qualquer coisa (uma manhã toda à volta de coisa nenhuma).
O Juíz (ou o oficial de justiça, que eu nestas coisas da barra dos tribunais sou um leigo) mandou dizer que o julgamento ficava marcado para o dia 13 de Fevereiro.
Não perdi o tempo todo. Fiquei a saber mais umas coisas sobre chás e produtos naturais... discuti um pouco do desenrolar da última jornada futebolística, aproveitei para dar uma vista de olhos nas revistas do costume (tal qual como nos consultórios médicos) e assisti ao vivo a debates agitados (fora da sala de audiências) entre amigos das duas facções em conflito.
Senti-me tão sozinho!...
É que por acaso, eu até era o único que não conhecia ninguém.

E hoje, este cidadão armado em testemunha, lá voltou ao tribunal.

Estranho... muuuuito estranho... o tribunal à hora marcada estava quase deserto.
Fui ver... não, não era neve... era apenas um pequeno lapso do tribunal. Tinham tentado avisar-me por telefone do adiamento do julgamento, mas optaram por não deixar mensagem no voice mail.

E assim sendo lá voltarei para a semana... esperando que seja a última vez.

Uma pergunta: será que fazem estas coisas para acalmar os impulsos de cidadania?!

16 comentários:

Anónimo disse...

Também me parece que, cada vez mais, é melhor assobiar e não reparar!!! Fica bem.

nunofigueiredo disse...

Pensava que só nos filmes.
é de lamentar. mas não sente que fez o que a sua consciencia obrigou?
Fica pelo menos com ela tranquila.
eu faria o mesmo.
nem que para isso tivesse que constantemente adiar aulas aos meus alunos, prejudicar a minha profissão, enfim adiar a minha vida.pois!
se calhar o melhor era mesmo ter olhado para o lado.
Parabéns por o não ter feito.
viva a cidadania!

ó amigo desculpe lá mas sou corta corrente.

A unica mania que aceito ter é a de ler os jornais da ultima para a primeira pagina. Nunca percebi porque nem me lembro como começou. mas já vem dos tempos da facul.dade.
veja lá que já lia "o diario" assim.
abraço.

Anónimo disse...

Temos de denunciar estes factos,...sem dúvida que isto não pode acontecer... é por e simplesmente um desrrespeito á nossa boa cidadania...
Prova que nestes e em outros casos a justiça está muito aquem de ser uma instituição na qual possamos confiar....
Um beijinho grande
Teresa Luisa

Unknown disse...

Olá,
Happy Valentine´s Day... Como nao podia deixar de ser, deixei uma pequena mensagem aos meus amigos lá no meu blog, e, claro, esta mensagem é para ti também!
Beijos, flores e muitos sorrisos para ti!

Vica disse...

Olha, te digo que provavelmente. Aqui dizem (as más línguas, mas não sem algum pingo de razão), que a prova testemunhal é a prostituta das provas...

JL disse...

Assim vai a justiça em Portugal. Que razões temos nós, hoje, para acreditar na sua eficácia e eficiência?
Três anos para resolver um caso que se deveria resolver em três dias.
Razão tinha outro polícia quando chegou ao local do crime e encontrou os populares com o gatuno "na mão" e a sangrar do nariz: Estas já ninguém lhas tira, disse. Vai para interrogatório e como não foi apanhado em flagrante pelas autoridades, se o virem amanhã na rua não se admirem... é mesmo ele.
Que vontade têm as testemunhas, que se arriscam a ouvir seremão e missa cantada no emprego ou a serem alvo de vingança, para aceitarem depor a favor ou contra uma determinada causa?
Parabéns, Eduardo, por seres diferente!

Realknight disse...

Pois é caro amigo, eu tb tenho uma historia semelhante...mas no meu caso sou arguido sem ter culpa...e lá se arrasta o caso.
É caso para dizer : Portugal no seu melhor.

Zel disse...

Lamentavelmente, são destas experienciam que nos fazem pensar. Vamos deixar de ser educados, simpáticos, prestáveis.....?

E o resultado acaba por ser sempre o mesmo, os advogados entram em acordo e as testemunhas não são precisos, para nada.

Paciência amigo.

Anónimo disse...

"Era quase noite. Gaspar Castelo Branco, director-geral dos Serviços Prisionais, percorria o passeio rumo a sua casa, na Lapa, onde o aguardavam a família e amigos para jantar. Quase defronte da sua residência, este funcionário superior é assassinado com um tiro na nuca. O crime é reivindicado pelas Forças Populares 25 de Abril (FP-25) através de telefonemas anónimos para a Rádio Comercial e as investigações da Polícia Judiciária (PJ) depressa concluem que a bala pertencia a uma arma anteriormente utilizada em acções da organização terrorista. Este crime aconteceu há precisamente 20 anos.

(Público de ontem)

A produtividade do terrorismo português foi a seguinte: morreram 18 pessoas, 66 atentados bombistas e 99 assaltos. A organização reivindicou a autoria de crimes de sangue contra vários agentes de segurança, empresários conotados com a direita, um recém-nascido e o director-geral dos Serviços Prisionais.

Em 1996 todos os que ainda estavam presos foram amnistiados. Graças a uma Lei da Assembleia da República pedida por Mário Soares e votada pela maioria de esquerda PS-PCP.

É preciso ter memória. O crime compensou.

25 de arbil sempre. Quando for preciso voltaremos e com as medalhas ao peito!

Oscar

Eduardo Leal disse...

Eu sugeria ao nosso amigo Oscar que fizesse um blog para a gente comentar. Era giro.
Apesar de Anónimo, sem sabermos quem é e para onde responder, porque se assina, respondo ao comentário:
Todos os crimes são lamentáveis e reflexo triste de intolerância.
É verdade que a Democracia amnistiou os implicados nas FP25, sinal de maturidade.
Também é verdade que a mesma democracia, pela mão de Cavaco Silva, condecorou dois pides (e não sabemos quem eles mataram ou não...) sinal de quê?

Mas este é um assunto para ser tratado com pinças.
Uma coisa é certa. Hoje escrevemos em liberdade porque houve ABRIL.

É preciso ter memória!

Anónimo disse...

"pela mão de Cavaco Silva, condecorou dois pides"

Ó sr. Eduardo a gente na gosta de pides, mas não confunda reformar com condecorar. O camarada cavaco-gradola-vila-morena, não condecorou, mas sim reformou dois pides. O que não deixa de ser uma forma de condecoração, após anos de trabalho a apanhar subversivos camaradas stalinistas gru-kgv, os homens tinham direito á reforma, não!?
Claro que era bem melhor um tiro na nuca à boa maneira do camarada Mao (staline, trotski, pol-pot...Fidel), mas não se pode ter tudo!
25 de arbil sempre!
Oscar

Eduardo Leal disse...

Amigo Óscar,

E um tiro na cabeça à boa maneira de Pinochet?
E uma morte pelo garrote à maneira latina do Generalíssimo Franco?

E Óleo de Ricino e assassinatos à maneira cruel de Benito Mussolini?

E espancamentos bárbaros à maneira de George W. Petróleo Laden Bush?

É que para mim um tirano é sempre ignóbil.
Matar é sempre crime.
Condenar sem julgamento é sempre terrível!

Peço desculpa pelo pequeno lapso do comentário anterior. Tinha estado a ver os bonecos da contra-informação e, porque se falava das recentes condecorações de Sampaio, escrevi condecorou em vez de atribuiu uma pensão.

Saudações democráticas.

Cleopatra disse...

Posso?


Como é que acabou esta saga??
Parece-me familiar... não sei porquê!

Eduardo Leal disse...

Pois Cleopatra...
à sexta vez lá consegui ser ouvido pelo juíz e fez-se justiça.

Depois disso tive um julgamento contra um vizinho (eu era o queixoso) e lá consegui ganhar a causa à terceira audiência. Nunca faltou ninguém... o juíz é que ia adiando.

Menos mal...

Anónimo disse...

Best regards from NY!
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Anónimo disse...

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