sábado, maio 28, 2011
terça-feira, março 23, 2010
Porto:
Clube Literário do Porto - Rua Nova da Alfândega, 22 (em frente ao parque de estacionamento da Alfândega do Porto).
Poetria - Rua das Oliveiras, 70 r/c Loja 12 (no centro Comercial Lumiére, em frente ao Carlos Alberto)
Lisboa:
Livraria Ler Devagar - Rua Rodrigues de Faria, 103 (Lx Factory - Alcântara)
sábado, fevereiro 27, 2010
sexta-feira, fevereiro 05, 2010
quarta-feira, novembro 11, 2009
terça-feira, novembro 03, 2009
sexta-feira, agosto 07, 2009
O nosso Porto!
Dirijo-me a si, não como militante do Partido Socialista (que efectivamente sou), mas como cidadão do Porto que sente a tristeza imensa de ser governado por alguém que não se revê na cidade.
Escrevo-lhe com a convicção que o momento grave que atravessamos a Norte também é da responsabilidade do Partido Socialista. Porque, quando a hora de discutir uma nova forma de organizar o território nacional chegou, assobiou para o lado de Lisboa e deixou cair as diferenças de cada região tornando uma vez mais este País num projecto adiado.
Escrevo-lhe porque, como muitos outros Portuenses, no momento em que foi anunciada a sua candidatura à Presidência da nossa Câmara, acreditei que voltávamos a ter alternativa!
Um projecto que reafirmasse o orgulho em ser tripeiro! Um projecto que afirmasse as diferenças e explicasse a todo o País porque é que não existe apenas um Portugal… E porque é que vale a pena ser do Norte!
Aqui, temos memória! Lembramos o trabalho todo que foi feito por Fernando Gomes, quando de um Porto triste e abandonado construiu um projecto arrojado, transformando uma cidade cinzenta em Património Mundial.
Quando lançou novas pontes a essa outra forma de ser Porto que é Vila Nova de Gaia. Quando lançou as bases do Metro, quando iniciou o Parque da Cidade e muitos, muitos outros projectos que contrastam com o estado actual de cultura do miserabilismo desse Senhor que, por erro de casting, (mas também por ambição macrocéfala dentro do Partido Socialista) foi eleito Presidente da Câmara da nossa cidade!
Porque a nossa memória também serve para nos recordar que o nosso Presidente de então trocou a cidade pelo poder central. Também serve para lembrar quem quer ter um papel nos destinos da cidade que o poder não pode ser descartável. Que o governo da cidade não poderá “seguir dentro de momentos”.
Queremos e merecemos um Presidente a tempo inteiro. De corpo inteiro, mas sobretudo, com o coração todo na cidade!
Eu não tenho dúvidas que votarei Elisa Ferreira no próximo dia 11 de Outubro… Porque não duvido que ninguém tem o direito de lhe dar lições sobre como ser tripeira. Porque não duvido que, sendo eleita, será uma excelente Presidente da Câmara… mas muitos cidadãos como eu, na altura de votar, vão voltar a hesitar e, provavelmente, por não sentirem que o seu projecto é apenas o Porto, poderão nem sequer votar!
É assim que o actual Presidente da nossa Câmara tem ganho eleições. Porque nós, no Porto, não queremos meios projectos, nem projectos a meias.
Não duvido que seja uma excelente deputada Europeia… Até lhe digo que, se o que estivesse em jogo fosse apenas isso, seria com imenso orgulho que a veria representar Portugal em geral e o Norte em particular, no parlamento de Bruxelas. Mas acredito que o que falta hoje é ouvi-la dizer, antes do dia das eleições, que o seu projecto é um e apenas um: O Porto!
E, porque o combate de uma cidade não se resume a um dia de eleições, faz-se em todos os dias que vão de uma derrota até a uma possível vitória, também não queremos candidatos apenas a Presidentes… Queremos candidatos a defender os interesses do nosso Porto!
Queremos ouvi-la dizer que será Presidente ou líder da oposição na nossa cidade!
Queremos políticos que assumam o seu papel nas vitórias de hoje… mas também nas possíveis derrotas, para que amanhã possamos sair todos vencedores!
Como lhe disse, vou votar em si!
Com a tristeza imensa de saber que vou votar numa candidata possível, quando tudo está tão perto de poder ser o voto na candidata ideal!
domingo, agosto 02, 2009
Um Caminho.4
Vou escrevendo e descobrindo que a minha história é uma colcha imensa, feita aos quadrados que não casam... mas o que importa é que nos tire o frio...
Ser filho de Professores não é tarefa fácil. Confirmei-o em todos os Amigos e Amigas que partilharam essa realidade. Como não será fácil, seguramente, ser filho de outro tipo de profissionais.
Ser filho de Professores foi dramático na relação com os colegas de escola. O estigma do “favorecido” esteve sempre presente. Os Amigos e colegas dividiam-se entre o respeito a outro que não eu e a amizade por mim. Em momentos calmos não se via a diferença nos comportamentos… mas, em tensão, as recriminações apareciam. Eu nunca fui do tipo de trazer a bola e acabar com o jogo. Aliás, qualquer jogo esteve sempre no lado dos princípios. Um jogo foi sempre coisa séria. Não importa, nem importou nunca o que se joga. Importa como se joga e o empenho que se põe no jogo.
A escolha da escola de um filho, que a mim, Pai unigénito, me pareceu tão rápida (se bem que não fácil) de resolver, foi no meu caso e do meu irmão mais novo, um drama arrastado por mais de quatro anos.
Imagino, ouvi falar, que no caso das minhas irmãs os meandros terão sido parecidos. Com contornos parecidos e enredos também suficientemente caricatos. No meu caso. a novela começou ainda antes dos 6 anos.
No álbum fotográfico (ao lado das 12 ou 13 fotografias da época) é referido que aprendi as primeiras letras aos 5 anos.
De facto, recordo-me muito bem que estive emprestado a uma primeira classe da qual não poderia, de verdade, fazer parte.
Por isso, não valeu! Não passei do filho da professora da escola ao lado (mais uma vez havia a separação entre rapazes e raparigas). Provavelmente atrapalhei mais o trabalho ao Professor que acedeu aos pedidos da minha Mãe do que aproveitei nesse breve período.
E, sendo assim, lá entrei para a escola aos 6 anos. A experiência desde logo demonstrou que havia uma verdadeira separação familiar no que dizia respeito às competências fraternais, ao empenho e ao aproveitamento escolar.
O sucesso conjugava-se no feminino. O meu… ia dando para o caminho!
A Isabel era a revelação extrema. Entrara precocemente para a escola. Transitara rapidamente para um ano à frente e eu, bafejado pela sorte de uma hepatite aguda que me atirou três meses seguidos para a cama, lá consegui esbater diferenças.
Esses três meses foram a terra prometida de qualquer aprendiz de preguiçoso. Tinha uma família inteira aos meus pés.
Irmãos autorizados a brincar comigo no tempo todo do mundo. Uma dieta acima da média doméstica, coroada pelas magníficas torradas com doce do meio da tarde. E… sobretudo isso, até porque o séquito de servidores tinha mais que fazer durante o dia, livros para descobrir.
Atirei-me com zelo e determinação à descodificação do meu primeiro livro dos 5. Por acaso, o número 3, “Os 5 voltam á ilha”.
Era o que estava disponível naqueles dias. Esta história de começar pelo meio teve o condão de me adoçar a boca. Não descansei enquanto não li e compreendi todo o livro. Como não descansei enquanto não parti para o primeiro da colecção e logo depois para o segundo, dando assim início a uma relação apaixonada com a palavra escrita.
Quando voltei à escola, já tinha passado da fase do “ajuntamento de letras” para a leitura mais ou menos escorreita.
Terminei a 1ª classe coxo em algumas matérias, mas perfeitamente capaz em leitura. Menos Mal!
A partir daí perdi a conta aos professores. Ou, pelo menos, deixei de os conseguir situar cronologicamente: o Pereira, o Leal, o Peixoto… Apenas tenho a certeza que, algures entre meados da 2ª classe e meados da terceira partilhei uma professora com a classe do meu irmão mais novo.
Coisa inédita, isso de duas classe com uma só Professora, modernices que atrasaram o meu irmão para algumas matérias, enquanto o faziam precoce noutras.
A nossa Professora comum era completamente fora dos padrões da época. Não batia nos miúdos. Tratava-nos por “meus filhos” e era mais rápida no elogio que na crítica.
Era, para além disso, mãe de um Amigo que, padecendo embora desta sina comum de ser filho de Professora, acumulava ainda com o facto de ter um Pai militar!
As coisas podem ser fantásticas! Penso que algum do meu desdém pelas hierarquias militares se funda nesta fase da minha infância!
Desorientado, flutuei entre o fascínio por exércitos em formação, quais bonecos de chumbo do meu imaginário infantil e uma irritação urticariforme em relação a vozes de comando, impossíveis de discutir...
Um dia gostava de conversar com o Augusto sobre esse Pai tão estranho aos meus olhos de miúdo irrequieto.
Tinha centenas de soldadinhos de chumbo, tanques de guerra, aviões de combate. Tudo impecavelmente alinhado em armários de portas de vidro e, cruel ironia, não podíamos tocar em nada!
Ao menos ao Augusto estava absolutamente proibido! A mim ainda me foi dado o prazer fugaz de lhes sentir o peso e observar à lupa da minha curiosidade toda a cor das fardas e sentir o cheiro do seu chumbo.
Nessas tardes, jurei a mim mesmo que havia de construir o meu próprio exército. E, anos a fio (mais ou menos dois ou três, que no tempo dos miúdos é uma pequena porção de eternidade) eu e o meu irmão fomos gastando os sapatos, poupando os 2$50 do autocarro no regresso da escola.
Dia após dia, voltávamos a pé queixando-nos do caos do transito, justificando a demora, quer chovesse ou fizesse sol.
Foi quando percebi que uma vez encharcado, já pouco pode piorar. Apenas nos candidatávamos a um dia de molho na cama, fungando do nariz e comendo as proverbiais torradas com doce. A pieguice dos homens fazía-se assim: cama quente e papinha da boa. E pouca escola, claro!
terça-feira, julho 07, 2009
Um Caminho.3
.......Agora já não sei colar as coisas no lugar. Não tenho a certeza se as memórias das mãos dadas com o meu Pai, no café, na papelaria do Vítor Borda D’Água, são do antes ou das visitas que depois fomos fazendo a Abrantes.
.......Fica para memória presente que guardo em mim o orgulho de um Pai com o filho, qual troféu, por entre conversas de Amigos.
.......As mágoas ficam para mais tarde!
.......Porque este meu Pai há-de ter sido mais forte do que ele próprio pensava.
.......Porque este Pai que eu lembro dos dias de Abrantes é, ainda hoje, o Pai que eu procuro dar à Joana nos dias em que tento construir futuro e estruturar o seu passado!
.......Este é o Pai que, noite após noite, enquanto me aconchegava os lençóis, me coçava as costas num ritual definitivo. Definitivo porque sempre que o faço, à Joana, me lembro dele. E sempre que me queixo que se trata de um gesto sem retorno me recordo também das suas queixas.
.......Este é o Pai que anos após anos nos preparou o copo de leite da manhã. Preparava-o, personalizado em função dos gostos e caprichos dos 4 filhos que, mais ou menos estremunhados faziam desse gesto o toque de despertar. Só me recordo de quebrar esse ritual no dia em que saí de casa.
.......Mas, porque lá vou eu às voltas para fora do assunto inicial, regresso a Abrantes.
.......Da minha terra natal pouco mais recordo dos dias abaixo dos três anos. E, provavelmente, é assim que deverá ser e sendo assim importa respeitar os caminhos da memória. Neste caso, sinuosos como o dono!
.......Sei que morávamos na escola, onde em cada passagem corríamos em peregrinação todas as vezes que lá voltávamos. Na escola das meninas. Que os tempos não eram de misturas e o sexo oposto era anos a fio visto como isso mesmo…
.......Era nessa escola que a minha Mãe dava aulas. A casa da professora não era magnífica. Já não o era e as visitas posteriores assim o confirmaram. Na memória construída desses tempos, em noites de recordações familiares, estão as armadilhas para os ratos, às dezenas, como impunha a tradição e as minhas fantasias de miúdo (e os contos aumentativos da minha Mãe). Estavam por baixo das prateleiras da dispensa, por baixo de uma escada.
.......Gato não havia… talvez porque o respeito do regime de então pela classe dos professores não se compadecesse com o necessário sustento de quatro filhos. Não eram tempos para encher a barriga a animais de companhia… e nem disso precisávamos porque companhia foi coisa que nunca faltou…
.......No recreio da escola, que era também o jardim da casa, neste jogo esquizofrénico entre o trabalho da Professora/Mãe e os afectos da Mãe/Professora havia um Mundo imenso.
.......Recordo vivamente uma casa de banho com portas de madeira de tinta lascada, igual a todas as casas de banho das escolas que conheci (e foram bastantes!).
.......No recinto, árvores e terra batida. Ao fundo do recreio um muro encavalitado sobre o terreiro das camionetas de passageiros.
.......O mesmo muro onde estive para cair, sendo salvo in extremis pela minha irmã mais velha. O tombo, que na altura me teria parecido imenso, estes anos todos, descontados os centímetros do meu inevitável crescimento, teria sido apenas o suficiente para não estar hoje aqui a contar mais nada.
.......A última vez que olhei o muro (faz quase um ano), reparei que já está devidamente protegido com uma rede muito “europeia” e absolutamente em conformidade com as normas vigentes para qualquer escola que se preze. Aproveitei e confirmei o mito familiar!
.......Teria sido caso para drama inolvidável para o resto da família. Como não foi, o assunto resumiu-se a uns açoites à minha irmã, confirmados durante anos pelas palavras de arrependimento em muitos serões em anos seguintes.
.......À minha Mãe tinha-lhe parecido que a Cristina se entretinha em empurrar-me muro abaixo, numa confirmação tresloucada de um qualquer complexo Freudiano, e, sendo assim, aplicou a regra básica da educação da época, muito em voga no nosso clã: Até prova concludente em contrário, a culpa não pode morrer solteira.
.......A regra era de ouro e confirmava-se muitas vezes. Não foi o caso.
.......A confirmação do arrependimento foi-se varrendo nos últimos anos, nas últimas reuniões de família e o mito transformou-se em lenda!
.......Já não tenho a certeza de nada! E não interessa! Que a memória tem dessas coisas… é de cada um de nós!
.......E isto vale no seu todo! As minhas memórias serão reais?
sexta-feira, junho 19, 2009
Um Caminho.2
“Num dia, de um mês, de um ano qualquer, no século XX, passeavam tranquilamente um Pai e um Filho. O filho pela mão do Pai, o Pai pelos olhos do filho”. Foi isto que escrevi num breve conto psicadélico dos meus 18 anos…
Esta mania de complicar as coisas… Pai e filho podem falar uma vida inteira sobre coisa nenhuma… e é assim que a coisa funciona.
As paixões de um Pai podem passar a ser apenas manias de um filho qualquer. E isso é grave?
E dar a mão é assim tão importante… tão estruturante?
Será que é por isso, também por isso, que preciso de uma mão na minha ao adormecer?
Será que tudo se resume a um conjunto mais ou menos vasto de sensações de infância?
Será que nunca conseguiremos deixar de ser os caçadores cansados, enroscados, à noite, no meio do mato, fogueiras quase extintas, com saudades da caverna da sua Mãe?!
Adiante… que o tema é rico e dá para muita conversa da treta!
Vamos então desconstruir o miúdo. Perceber o barro do qual se fez este homem.
A paixão pelo Porto não é primordial, porque tudo começou noutras latitudes.
E é nessas latitudes que, provavelmente, estão os nós maiores deste meu ego. O tempo turvou já aquilo de que me lembro e, por essa razão, não me é já fácil distinguir o que foi real daquilo que já construí em cima das minhas experiências.
A memória mais sólida de Abrantes é do dia de saída. Do imenso caixote de brinquedos ao cimo das escadas, condenado pelas leis do espaço a não viajar para o Porto.
O caixote, admito, é do tamanho do desejo/revolta da criança. Provavelmente estaria cheio de quase coisa nenhuma… mas tem a força da teatralidade do momento.
A verdade é que, mais de 40 anos depois, não consigo diminuí-lo. Era grande, ponto!
Tem o tamanho imenso que todas as perdas futuras terão sempre para mim!
Se me perguntassem, sem toda a informação que recolhi mais tarde e sem a lógica inevitável do preenchimento dos espaços vazios, se tinha saído directamente de Abrantes para o Porto, diria que sim. Claro que sim!
Mas não! Há, pelos vistos, um período que só a custo recordo, em que estive sem os meus Pais.
Parece que pouco tempo, um mês, talvez nem tanto, estive com a minha Avó e com o Avô que nunca foi Avô até morrer.
Apenas lembro o momento da chegada do magnífico Ford Prefect do meu Pai, que tantas vezes, em viagens infindáveis, pela noite ou nevoeiro fora nos levou às Beiras nos anos seguintes.
Depois não há mais nada. Nada até chegarmos ao Porto, noite dentro, como tantas vezes depois desse dia, a dormirmos todos no carro e estremunhados a entrar pela cozinha daquela que foi durante tantos anos a minha casa! Enorme!
O tempo se encarregaria de a fazer diminuir…
Já lá vamos… para que a conversa não seja como de costume, confusa e difícil de seguir… já lá vamos ao Porto, à minha nova cidade!
quarta-feira, junho 10, 2009
Um Caminho.1
Como é possível envelhecer e morrer sem saber a idade?!
Que fenómeno estranho nos faz negar o espelho e olhar o mundo com os mesmos olhos de quando tínhamos pouco mais de vinte anos?
E ao mesmo tempo ver passar por nós os olhares do outros, na confirmação implícita da grande inevitabilidade.
De um lado, este espectador sem tempo, este jovem decidido… do outro, do lado de quem passa, o tipo gordo, com o fim anunciado do seu cabelo outrora muito… os seus olhos gastos… as palavras perras.
Sentado na esplanada do café, a olhar o Tejo, esse rio estranho, tão diferente do meu Douro umbilical.
Cansado, quase vencido pelas escolhas que não fiz, ou que fiz contrafeito… apetece-me pensar no caminho… e também nas outras escolhas… as que me vão dando o prazer da vida.
Onde é que tudo começa? Não esse princípio supremo da primeira respiração perante a luz… ou ainda mais atrás, mas onde tudo começa a complicar-se.
Qual o primeiro nó a desatar. Qual a primeira dificuldade em engolir o soluço…
Qual a razão da busca, quem se busca….
Qual o colo que se procura… qual a mão que se deseja?!
Vale a pena contar esta história? Vale a pena este pedaço de vida?
Que adiantámos nós, comuns dos mortais, à salvação da espécie?
Que é que ficará de nós depois da grande fogueira cósmica?
Quem sou eu, este que agora se dedica a pensar em si?
Para onde vou? Vale a pena sequer continuar a ir?
Pensar assim, nestas coisas, é fazer o balanço necessário para prosseguir viagem. Por isso, vamos lá!
Sempre achei que um bom livro se começa pelo título. Porque um bom título é a primeira parte do plano genial.
E a verdade é que não me ocorre nenhum título genial para este caminho…
Entretanto, aproveito e vou sentindo a brisa de Lisboa, essa terra que não é minha, e inalando o cheiro estranho da saudade…
Pode ser que entretanto a coisa surja, o tal plano genial…
sexta-feira, julho 04, 2008
www.anossapena.blogspot.com
sábado, dezembro 29, 2007
2008
sexta-feira, setembro 21, 2007
Perdemos a compostura... trocamos os papeis... caimos em tentações sem sentido... roubamos o martelo ao juíz.
sexta-feira, agosto 03, 2007
Fico doente com esta estória de ver Portugal a arder...
É o sinal mais que claro que este País é de palha!
Que este País não tem solução à vista!
Um País onde todos sabem o porquê das coisas e onde todos enterram a cabeça na areia durante 9 meses enquanto nos 3 restantes se assobia para o ar, com os pés na água do mar com o País profundo a consumir-se em chamas.
É o fado dos bombeiros em correrias desenfreadas para evitar que arda hoje a floresta que arderá amanhã.
É o fado das teorias sobre a reflorestação, sempre anunciada e todos os dias adiada para quando não for mais que "florestação".
É o fado dos culpados e das vítimas...
Dos que perderam tudo por terem tudo nos locais mais inimagináveis!
A guerra das celuloses contra os parques nacionais...
A guerra da construção sem ordem contra os PDM's e as áreas protegidas.
São os lobbys dos materiais de combate ao fogo, de aviões de aluguer contra a limpeza das matas, os planos de protecção ambiental...
E outros interesses... muitos e mesquinhos... de gente que gosta de ver arder...
Portugal tem uma especialidade: Assassinar galinhas de ovos de ouro!
Quando não houver mais nada para arder... nem o lixo que fazemos... pode ser! Pode ser que Portugal seja possível!
domingo, julho 15, 2007
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia
chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a
é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece
MÁRIO-HENRIQUE LEIRIA
Porque acreditar vale sempre a pena!
Porque não podemos nunca baixar os braços!
É por isso que eu acredito que vale sempre a pena votar!
Votar é também resistir!
Podem-me comer... mas resistirei sempre!
Em Lisboa, hoje, muitos optaram por desistir e ficaram, provavelmente deitados, à espera da velha gulosa...
Enquanto sentir que tenho sumo... recuso-me a ficar deitado!
Mesmo que me chamem... ovelha negra!
sábado, julho 07, 2007
sábado, junho 23, 2007
sexta-feira, junho 15, 2007
sexta-feira, maio 25, 2007
Agora... é só começar a preparar a anexação ao reino de Marrocos!
Inshalá!
sábado, maio 19, 2007
dois temas...
.
.
.
Amanhã é o dia em que o meu Porto vai ter de provar que, como sempre, tem obrigação de ganhar!
sexta-feira, maio 18, 2007
O refinado preguiçoso...
terça-feira, abril 24, 2007
A memória curta....
É provavelmente uma defesa natural do "homo lusitanus".
Uma forma inconsciente de ultrapassar a angústia existencial, este estar aqui sem conseguir mudar o mundo, ao menos o seu pequeno mundo interior...
Quando era miúdo as realidades eram outras. Já havia fome, mas, ao contrário do regime, era muito mais democrática.
Os miúdos de barriga cheia eram menos e transportavam com enfado e desdém os seus farnéis para a escola (na altura muito mais pública).
Quando à hora do lanche se abriam as sacolas para tirar o pão com marmelada ouviam-se alguns colegas, de imediato, com a tradicional expressão tripeira "dá-me uma buca".
E a gente dava. Dava uma, duas ou três até não ter mais, porque ao chegar a casa havia comida na mesa... e para outros, nem sempre ou poucas vezes.
A fome tinha rosto de criança... era subtil, de riso fácil e revolta tranquila.
Tinha sapatos furados, quando havia.
Não tinha sacola e livros nunca... e mesmo escola...
Repetia os anos sem rancor pelo sistema e carregando a cruz das aprendizagens difíceis, como se se pudesse aprender de barriga vazia.
E calava-se. Aguentava sossegada que o Pai era tirano e tinha mau feitio...
A miudagem aguentava, nesta alegria pobre e, talvez por isso, alucinada...
E assim, quando chegou Abril, eu achei que era tempo de mudança.
Não tinha, até aí, tido a necessidade de criticar o sistema e sofrer na pele a falta da Liberdade...
Era miúdo e as minhas preocupações eram outras. Vivia ainda no tempo de D'Artagnan e Lagardere... e obcecado pelos livros dos cinco e pelos gelados Olá e Rajá nas praias possíveis da Leça da Palmeira.
A guerra colonial tocava-me ainda marginalmente, quando os Tios de Angola nos visitavam, de longe a longe (carregados de novidades japonesas) e quando a minha mãe nos seus suspiros aflitos nos imaginava, ainda pouco homens, no combate contra os terroristas...
No Natal percebíamos que já havia mães a viver a angústia ao ouvir as mensagens de Natal.
E tínhamos Fátima em directo pela TV.
Dias de Maio intermináveis com a família reunida à espera de um andor...
E gente de joelhos esfolados, em sangue, a cumprir as promessas dos outros... a prometer pelos outros... pelas vidas que não lhes pertenciam...
Por isso, também, gostei dos tempos de mudança...
Passaram muitos anos... desde Abril de 74. E continuo a lembrar com uma lágrima nos olhos os dias que vivemos.
Nas mudanças mais subtis - como o copo de leite para todos na cantina do nosso ciclo preparatório - como nas mais profundas...
Quantos de nós, hoje, imaginariam um ano inteiro de trabalho sem férias pagas?!
Quantos de nós imaginariam não poder discutir a temática das pensões de reforma, por não haver pensões de reforma...
O País era pobre. Continua pobre...
Mas a nossa maior pobreza, é, seguramente, a nossa fraca memória!
E por isso, hoje, quero lembrar Abril! Lembrando o dia 24 e o dia 25!
Porque um só faz sentido a seguir ao outro!
Porque afirmar a liberdade importa, sobretudo quando sentimos a injustiça do silêncio.
25 de Abril, não se nega. Goste-se ou não do País que daí nasceu, é por ele que podemos, ainda hoje, gritar o que pensamos!
Hoje... mesmo que nos apetecesse... ninguém cala os outros!
E ninguém nos cala a nós!
domingo, março 25, 2007
segunda-feira, março 05, 2007
O fruto proibido!
segunda-feira, fevereiro 19, 2007
Nada pior do que a falta de pão... para que todos ralhem sem ter razão!
E o problema agrava-se quando, tradicionalmente, alguns tinham o hábito infeliz, (ou porque são mais atrevidos, mais resmungões ou apenas lambões), de açambarcar o pão dos outros.
A raiz do problema está no facto da distribuição dos recursos andar ao sabor da vontade dos governos da Nação.
Não é um problema de cada governo em particular, apesar de reconhecer que a distribuição pode seguir critérios desviantes, mas da organização do País.
Mas desde quando não foi assim?!
Há já alguns anos os Portugueses optaram (através de um referendo de carácter vinculativo bem discutível) por enfiar na gaveta da indiferença o projecto de Regionalização.
Os pretextos foram os do costume... que ia aumentar a corrupção, o compadrio político, a despesa pública.
Acrescem ainda os argumentos sobre a unidade Nacional, a indivisibilidade da mais velha Nação da Europa...
E um enormíssimo Etc.
Enquanto isso, por artes demoníacas, o Tio Alberto João foi furando a ilha de lés a lés, fazia um aeroporto com Betão para cimentar o país todo, e consolidava um sistema de "empregamento regional" capaz de garantir as suas fantásticas vitórias eleitorais.
Financiava os clubes da região, os jornais da sua propaganda, as TêVês do seu contentamento.
Ao inviabilizar a regionalização do nosso querido Portugal, criava-se espaço para envios mais volumosos de capital para a pérola do Atlântico.
Por cá, com o projecto da regionalização na gaveta, provavelmente deixou de haver corrupção, os autarcas apresentam as suas parcas declarações de rendimentos a tempo e horas, não desviaram fundos da rés pública, não empregaram familiares... não têm ligações duvidosas a clubes de futebol, nem situações de promiscuidade com a construção civil...
Nada disso!
Com o "arquivamento" da regionalização tudo anda sobre carris!
Ou seja...
Os desmandos do Tio Alberto, justificam-se a si próprios.
Provam que a melhor forma de fazer política é na boa tradição do Nacional espertismo.
Vale tudo! Insultar o Presidente da República - o Sr. Silva - chamar ladrões aos membros do governo, anormais aos juízes, cretinos aos jornalistas, enfim a todos os poderes do estado democrático.
O único poder que ele aceita, para além do seu, é o de Deus e mesmo assim, desde que ande sossegadinho. (E não se lembre de inventar padres esquerdistas).
Como me custa ver que tantos anos após o referendo da regionalização ainda não tenhamos compreendido que a única forma de gerir um País é a responsabilização de cada uma das suas partes (leia-se regiões).
A única forma de poder fazer um País mais solidário, não passa pela atribuição de orçamentos megalómanos aos Bébés chorões da Política à Portuguesa, mas sim à distribuição racional dos recursos e das competências por cada região, respeitando como é evidente, os critérios de solidariedade que o facto de sermos um País impõe.
A última do menino birrento é convocar eleições antecipadas para poder provar a todos os energúmenos do continente que quem manda na Madeira é ele!
Assim como assim, sempre consegue dois anos extra para enfrentar os tempos das vacas magras...
Prevê-se um chinfrim capaz de irritar os mais santos dos santos.
domingo, fevereiro 11, 2007
Hoje o País adormece mais tolerante!
e amanhã... acorda com esperança!
E eu acredito que a Natália, hoje, se sentiria ainda mais orgulhosa em Ser Portuguesa!
Um dos seus grandes combates teve agora um dia grande, com o Povo a reescrever a história.
Obrigado Natália Correia pelo teu exemplo de cidadania e inconformismo que nos provou, sempre, que ser Mulher é ser mais alto!
a João Morgado (CDS)
«O acto sexual é para ter filhos» - disse, com toda a boçalidade, o deputado do CDS no debate anteontem sobre legalização do aborto. A resposta em poema, que ontem fez rir todas as bancadas parlamentares, veio de Natália Correia. Aqui fica:
Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o orgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.
NATÁLIA CORREIA
Diário de Lisboa, 5 de Abril de 1982.
sábado, fevereiro 10, 2007
domingo, fevereiro 04, 2007
O Aborto
Segundo a enciclopédia de Medicina da selecções do reader's digest um aborto é:
"Perda do feto antes da 22ª semana de gravidez ou antes da sua viabilidade (capacidade para sobreviver fora do útero)"
É claro que nunca se utiliza a palavra bébé... filho... criança... anjinho e por aí fora.
Sabiam que, abaixo de um peso específico, os médicos nem consideram a hipótese de entregar o feto aos pais... é pura e simplesmente tratado como qualquer outro produto para incineração?
É também claro que medicamente se entende que um prazo nunca é exacto... mas estamos a falar de 22 semanas contra as 10 semanas que estamos a referendar.
E porquê 10 semanas?!
Chegam?!
Muitas vezes, a esmagadora maioria das vezes, é mais que tempo para a mulher saber que está grávida, que algo correu mal no seu método contraceptivo.
É o tempo necessário para ter já pensado mil vezes se leva ou não a gravidez a termo... e... muitas vezes... ter decidido que não!
E hoje, com a lei que temos... JULGAMENTO E HUMILHAÇÃO!
Porque mesmo muitos dos que dizem que não pode ser discriminalizado, entendem que a prisão é uma pena exagerada...
Basta a humilhação pública no pelourinho dos jornais!
E tudo isto por um acto que se situa no cinzento da dúvida!
E tudo isto por algo que todos nós já vimos ou soubemos acontecer!
Por isso, voto SIM!
Vamos falar de direito à maternidade! De direito à escolha!
Mas, primeiro, acabemos com a humilhação e votemos SIM!