segunda-feira, fevereiro 19, 2007


Nada pior do que a falta de pão... para que todos ralhem sem ter razão!

E o problema agrava-se quando, tradicionalmente, alguns tinham o hábito infeliz, (ou porque são mais atrevidos, mais resmungões ou apenas lambões), de açambarcar o pão dos outros.

A raiz do problema está no facto da distribuição dos recursos andar ao sabor da vontade dos governos da Nação.
Não é um problema de cada governo em particular, apesar de reconhecer que a distribuição pode seguir critérios desviantes, mas da organização do País.
Mas desde quando não foi assim?!

Há já alguns anos os Portugueses optaram (através de um referendo de carácter vinculativo bem discutível) por enfiar na gaveta da indiferença o projecto de Regionalização.

Os pretextos foram os do costume... que ia aumentar a corrupção, o compadrio político, a despesa pública.
Acrescem ainda os argumentos sobre a unidade Nacional, a indivisibilidade da mais velha Nação da Europa...

E um enormíssimo Etc.

Enquanto isso, por artes demoníacas, o Tio Alberto João foi furando a ilha de lés a lés, fazia um aeroporto com Betão para cimentar o país todo, e consolidava um sistema de "empregamento regional" capaz de garantir as suas fantásticas vitórias eleitorais.
Financiava os clubes da região, os jornais da sua propaganda, as TêVês do seu contentamento.
Ao inviabilizar a regionalização do nosso querido Portugal, criava-se espaço para envios mais volumosos de capital para a pérola do Atlântico.

Por cá, com o projecto da regionalização na gaveta, provavelmente deixou de haver corrupção, os autarcas apresentam as suas parcas declarações de rendimentos a tempo e horas, não desviaram fundos da rés pública, não empregaram familiares... não têm ligações duvidosas a clubes de futebol, nem situações de promiscuidade com a construção civil...

Nada disso!

Com o "arquivamento" da regionalização tudo anda sobre carris!

Ou seja...

Os desmandos do Tio Alberto, justificam-se a si próprios.
Provam que a melhor forma de fazer política é na boa tradição do Nacional espertismo.

Vale tudo! Insultar o Presidente da República - o Sr. Silva - chamar ladrões aos membros do governo, anormais aos juízes, cretinos aos jornalistas, enfim a todos os poderes do estado democrático.

O único poder que ele aceita, para além do seu, é o de Deus e mesmo assim, desde que ande sossegadinho. (E não se lembre de inventar padres esquerdistas).

Como me custa ver que tantos anos após o referendo da regionalização ainda não tenhamos compreendido que a única forma de gerir um País é a responsabilização de cada uma das suas partes (leia-se regiões).

A única forma de poder fazer um País mais solidário, não passa pela atribuição de orçamentos megalómanos aos Bébés chorões da Política à Portuguesa, mas sim à distribuição racional dos recursos e das competências por cada região, respeitando como é evidente, os critérios de solidariedade que o facto de sermos um País impõe.

A última do menino birrento é convocar eleições antecipadas para poder provar a todos os energúmenos do continente que quem manda na Madeira é ele!
Assim como assim, sempre consegue dois anos extra para enfrentar os tempos das vacas magras...
Prevê-se um chinfrim capaz de irritar os mais santos dos santos.

domingo, fevereiro 11, 2007


Os dados retirados do site do stape não deixam dúvidas: http://www.referendo.mj.pt/Pais_compare.do


Mas... há dados curiosos... e eu trago ao blog os resultados, em particular, de uma freguesia do nosso País real. Rabo de Peixe. Conhecem?!


Trata-se de uma pequena freguesia da Ilha de S. Miguel, (Açores) que ficou tristemente conhecida por ter corrido à pedrada os médicos que tentaram promover a importância do planeamento familiar.
Isto já foi há muitos anos e prova que, mesmo em certas zonas da Europa, há sempre evolução.


9 anos depois do primeiro referendo há uma notável progressão do sim, quando comparado com o Não.

O Sim passa de 9,73 % para 29,25 % (É obra!)

E isto tendo em linha de conta que falamos de uma freguesia onde os filhos são muitas vezes também meios-irmãos, netos e outros graus de parentesco afins...


E aí vai o gráfico:









Hoje o País adormece mais tolerante!

e amanhã... acorda com esperança!

E eu acredito que a Natália, hoje, se sentiria ainda mais orgulhosa em Ser Portuguesa!

Um dos seus grandes combates teve agora um dia grande, com o Povo a reescrever a história.

Obrigado Natália Correia pelo teu exemplo de cidadania e inconformismo que nos provou, sempre, que ser Mulher é ser mais alto!

a João Morgado (CDS)

«O acto sexual é para ter filhos» - disse, com toda a boçalidade, o deputado do CDS no debate anteontem sobre legalização do aborto. A resposta em poema, que ontem fez rir todas as bancadas parlamentares, veio de Natália Correia. Aqui fica:

Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o orgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.

NATÁLIA CORREIA

Diário de Lisboa, 5 de Abril de 1982.

sábado, fevereiro 10, 2007


Hoje... Estou a reflectir...

Para amanhã VOTAR!

Porque votar é ser livre!

Por essa razão, até ao fecho das urnas, todos os meus textos sobre o referendo passam a "rascunho".

domingo, fevereiro 04, 2007

O Aborto


Segundo a enciclopédia de Medicina da selecções do reader's digest um aborto é:

"Perda do feto antes da 22ª semana de gravidez ou antes da sua viabilidade (capacidade para sobreviver fora do útero)"

É claro que nunca se utiliza a palavra bébé... filho... criança... anjinho e por aí fora.
Sabiam que, abaixo de um peso específico, os médicos nem consideram a hipótese de entregar o feto aos pais... é pura e simplesmente tratado como qualquer outro produto para incineração?

É também claro que medicamente se entende que um prazo nunca é exacto... mas estamos a falar de 22 semanas contra as 10 semanas que estamos a referendar.

E porquê 10 semanas?!
Chegam?!

Muitas vezes, a esmagadora maioria das vezes, é mais que tempo para a mulher saber que está grávida, que algo correu mal no seu método contraceptivo.
É o tempo necessário para ter já pensado mil vezes se leva ou não a gravidez a termo... e... muitas vezes... ter decidido que não!

E hoje, com a lei que temos... JULGAMENTO E HUMILHAÇÃO!

Porque mesmo muitos dos que dizem que não pode ser discriminalizado, entendem que a prisão é uma pena exagerada...

Basta a humilhação pública no pelourinho dos jornais!

E tudo isto por um acto que se situa no cinzento da dúvida!
E tudo isto por algo que todos nós já vimos ou soubemos acontecer!

Por isso, voto SIM!

Vamos falar de direito à maternidade! De direito à escolha!

Mas, primeiro, acabemos com a humilhação e votemos SIM!