sábado, março 25, 2006

E eles é que são Xenófobos...


Por acaso conhecemos alguma Avenida dos Cabo-verdianos? Alguma Alameda dos Angolanos, dos Moçambicanos ou dos Guineeenses? Será que temos alguma Rua dos Brasileiros ou dos Indianos (mesmo que fosse dos Goeses)?
Temos, é bem certo, Avenidas do Brasil, Ruas de Goa, de Damão e de Diu. Temos ruas da Guiné, de Angola e Moçambique, de Timor e de Malaca...

Somos lestos a venerar as Nações e lentos a pensar nos povos.

Porque será?!

Em França, em plena Capital, encontrei esta Rua que me fez pensar nas grandezas e pequenezas do povo Francês.
Um Povo capaz de gestos de barbárie, é certo. Capaz de atitudes arrogantes e megalómanas, mas também um povo capaz de integrar diferenças.
Dir-me-ão que a capital, como cá, não é expressão da França toda. Não é!
Paris, como outras cidades do mundo, tem em si o melhor e o pior do seu país.
Falta-lhe a autenticidade dos agricultores conservadores do país profundo.
Falta-lhe a habilidade dos mafiosos da costa sul, a coragem e a tenacidade das margens Norte da República.

Mas tem, e isso sente-se no ar, um pouco de tudo o que a França foi, é e será ao longo da história das civilizações europeias.
E isso, gostemos mais ou menos de alguns pontos, faz parte de todos nós.

A grandeza maior... é que em Paris sente-se o mundo. Não nas embaixadas dos países mais ou menos poderosos, mas nos rostos de cada ser humano. Nas ruas, no metro e em cada edifício que visitamos.

E é bonito ver, que para além dos “boulevar’s” e das “Avenues” com os nomes de cada País do Mundo, podemos encontrar tributos a quem faz a história da humanidade... as pessoas de cada povo.

quarta-feira, março 22, 2006

O Março de 2006


Como já perceberam, tenho estado por fora, mais precisamente por terras de França.
E Paris continua uma festa!
E, fundamentalmente, revela uma capacidade de mobilização que admiro nos Franceses desde a Célebre Revolução.
Admiro um povo com capacidade de indignação.
Um Povo que se recusa a aceitar as coisas que considera erradas.
É claro que não aprecio os actos de vandalismo.
E por essa razão, nem me parece justo queimar carros e partir cidades, como também não me parecem justas leis altamente discriminatórias como é o caso do "CPE".
E o poder... exactamente porque detém autoridade, quando mal conduzido, pode ser bem terrorista.
É que é de suprema injustiça para todos os que têm menos de 26 anos poderem ser despedidos de forma arbitrária... como é terrível para os que têm mais de 26 saberem que os patrões tipo "pato bravo" passarão a contratar apenas os despedíveis.
Há ainda outra coisa que admirei nestes dias em que assisti a muitos debates na TF1, a forma como gente de todas as proveniências aderiu à contestação.
Portugueses, Argelinos, Marroquinos, Franceses, Italianos e muitos, muitos outros. A Sharon Stone é um exemplo muito interessante... que não pude deixar de apreciar...
Ainda mais curioso... a principal líder (é verdade trata-se de uma mulher!) é uma jovem de origem Magrebina e não se cansa de fazer apelos à contestação pacífica.
Revoltante é a falta de capacidade de dialogo do Senhor D. Villepin, que, contra a vontade dos seus parceiros do poder, se recusa sequer a considerar a possibilidade de discutir o assunto.
Parece-me que o senhor ainda não percebeu o destino dos reis sóis em fim de carreira.
E para além de tudo isto... Paris é sempre Paris! Uma festa!

terça-feira, março 14, 2006

O mau feitio


Ontem li num jornal Açoreano os comentários de um jornalista sobre o bem conhecido mau feitio de Mário Soares.
Este jornalista referia que, por várias vezes, quando as entrevistas ou algumas perguntas em particular, não corriam de feição, Mário Soares reagia de forma brusca, autoritária, silenciando os incómodos inquisidores.
Até posso compreender que nem sempre os jornalistas têm o bom senso que a profissão obriga.
Até posso aceitar que, muitas vezes, em contextos específicos, existe uma tentação de um certo tipo de jornalismo para procurar temas mais quentes em detrimento dos temas do momento.

Posso compreender muita coisa!
Só não posso compreender, nem aceitar, que um político experiente não saiba a diferença entre diplomacia e grosseria.

A atitude de Mário Soares ao não cumprimentar Cavaco Silva na tomada de posse, revela um não saber perder fora de todos os limites toleráveis da irracionalidade.

Não é bonito nem lhe fica bem.

E, sobretudo, prova que todos nós que decidimos não votar nele para voltar a ser presidente, acabámos por fazer um serviço à Nação. Mesmo que também não gostemos de Cavaco Silva.

É que o sentido democrático não se demonstra nas vitórias, mas, sobretudo, na forma como encaramos as derrotas!

quarta-feira, março 08, 2006

Como gosto de lixo - parte III

E depois dos 3 R's - Reduzir ; Reutilizar e Reciclar - ficamos com toda a montanha de lixo ao qual não sabemos que fazer...
O tal que não conseguimos, à partida, transformar em nada de positivo.
Aqui falta um R, talvez o de Resolver!
Todos os que têm lareiras, salamandras e outro tipo de queimadores já passaram por situações que, de alguma forma, podem simular a solução.
Quando temos excesso de papel e pouca lenha, podemos usá-lo como fonte de energia numa salamandra.
Não é a forma ideal de utilizar este tipo de lixo. É pouco digna para este nosso Amigo, porque facilmente o poderíamos transformar em papel reciclado.
Podemos queimar plásticos e outros materiais combustíveis nas lareiras e salamandras, mas, regra geral os cheiros produzidos são altamente desencorajadores. E, mais uma vez, podemos dar outras utilidades mais nobres a estes materiais...
Agora imaginemos que possuíamos nas nossas casas uma fornalha capaz de produzir calor a partir de todo o lixo para o qual não tivessemos solução.
Imaginemos ainda que essa fornalha tinha os filtros necessários para suprimir os odores desagradáveis e reter os gases perigosos.
A essa fornalha chamaríamos co-incineradora.
Ou seja, uma incineradora que, para além dessa função, destruir pelo calor, teria uma outra função principal: produzir calor.
Ao queimarmos este lixo, estaríamos ainda a poupar os nossos recursos energéticos.
Como é mais do que evidente, uma co-incineradora doméstica é uma ideia bizarra e uma ideia altamente dispendiosa. Não porque não fosse possível produzir a estação de queima e produtora de calor, mas porque os filtros a implementar se tornariam incomportáveis em termos de custo.
Por isso, esta solução final para os nossos amados lixos deve ser vista numa perspectiva social e aproveitando grandes unidades consumidoras de energia.
Toda a gente sabe que as cimenteiras têm grandes fornos produtores de energia, para que seja possível a produção de cimentos e cal.
Sabemos também que as cimenteiras têm sido altamente responsáveis por crimes ecológicos de grande dimensão. São disso exemplo vivo, Souselas, Maceira e Outão.
É lamentável a impunidade com que os nossos "grandes" industriais desta área se têm movimentado em relação às emissões de produtos altamente poluentes para os rios e o ar.
A proposta do antigo ministro do ambiente José Sócrates para estabelecer a co-incineração nas fábricas de cimento visava resolver dois problemas fundamentais:
Por um lado obrigar as cimenteiras a resolverem de forma eficaz a questão das emissões poluentes, por outro, transformar lixo imprestável e não reutilizável em algo de útil: energia.
Pegou-se nesta questão por muitos lados possíveis. A começar pelo lado político, apenas porque alarmar populações costuma dar votos ou protagonismo.
Os movimentos ecologistas hipervalorizaram os lados menos positivos da questão (desde logo a existência de cimenteiras) e esqueceram (quero acreditar que por demasiada focalização no problema) todas as vantagens das soluções estudadas.
A comissão que fez os estudos sobre esta matéria foi presidida por um Homem que eu conheço muito bem, com o qual tive oportunidade de debater muitas vezes tudo o que se passou e disse sobre isto e que, e isso pode ser interessante para muitos, não faz parte da esfera política do partido socialista e foi escolhido porque é um especialista em epidemiologia, um Homem com uma formação sólida no que diz respeito a matérias como aquela que deve ser a grande preocupação: a segurança das populações.
Por tudo isto... eu acredito que devemos olhar para esta questão de forma partidariamente desapaixonada.
E devemos sobretudo, como povo, como cidadãos, defender que antes de entregar o nosso precioso lixo para a solução final... devemos pensar em REDUZIR, REUTILIZAR E RECICLAR para, só em desespero de causa, RESOLVER, produzindo afinal uma última mais valia: energia!

Hoje é o dia...


É o dia em que muitos países pelo mundo fora têm um forte motivo para equacionar o papel da mulher na sociedade.
Hoje é o dia Internacional da Mulher e por isso, quer sejamos mais ou menos focalizados na questão dos direitos da mulher, inevitavelmente seremos tentados a pensar ou discutir estas questões.

Como é evidente, ouvem-se comentários curiosos em dias como o de hoje, do tipo: então e o dia internacional do Homem?!

Não nos esqueçamos nunca, até porque seria preciso muita distracção, que o mundo é governado pelo detentor do falo.
O mundo foi, é e muito provavelmente será, governado pelo mais forte. Pelo mais forte no sentido físico do termo, já que existem outro tipo de forças que escapam muitas vezes ao jogo do poder.
E, por isso, cada dia que passa é o dia Internacional do Homem!
E não vale a pena negar que grande parte dos nossos insucessos enquanto espécie à superfície do planeta se deve à negação do nosso lado mais feminino enquanto Seres Humanos.
Nós Homens, temos uma natural tendência para jogos... e de poder também.
E o "fair play"... é normalmente associado a quem não gosta de vencer, a quem não tem prazer pelo sucesso...
E é por isso, porque acredito que vale a pena homenagear todas as mulheres do mundo... as Mães, as nossas Companheiras, as Filhas, as irmãs, as Amigas e todas as outras...
que digo a todas: Feliz dia da Mulher!
E Obrigado!

sábado, março 04, 2006

Como gosto de lixo - parte II


Portanto, como me parece ter ficado mais ou menos claro na primeira parte deste artigo, todo o lixo pode ter o seu lado bom. O lixo é nosso Amigo!
O lixo orgânico pode ser transformado em fertilizante, quer nas nossas casas, quer de forma industrial.
O lixo industrial pode ser reciclado, isto é, pode voltar a ser transformado em produtos novos.

Quando se fala de preocupações ecológicas devemos sempre lembrar os 3 R's:

Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

O primeiro é muito provavelmente o mais importante. Sem ele e com o excesso de população do nosso planeta e a escassez de alguns recursos naturais, secaremos o nosso mundo, esgotaremos os recursos energéticos não renováveis e poluiremos a níveis insuportáveis.
E reduzir é muitas vezes a diferença entre querer ou não querer.
Basta estar atento a pequenos gestos e alterar rotinas de consumo desnecessário.
Basta fechar as torneiras quando se entra no desperdício. Desligar as luzes quando não precisamos de iluminação, reduzir o aquecimento das nossas casas e, no verão, reduzir a utilização de ar condicionado.
Ao nível social importa ainda lutar por uma gestão equilibrada ao nível autárquico, defendendo a implementação de transportes colectivos que permitam conforto e rapidez e nos permitam deixar o carro em casa.
É o primeiro e é sem dúvida o R mais difícil de implementar, porque depende de todos, na medida em que depende de cada um!
O segundo R é também do âmbito da consciência individual.
Reutilizar é uma prática difícil quando pensamos que o que define a maior parte dos seres humanos é a atracção pela novidade.
Ao procurarmos de forma quase obcessiva tudo o que é novo, tendemos a deitar para o lixo coisas que estão ainda em perfeito estado de utilização.
Para além disso, como nos achamos muito civilizados, tendemos a gozar com aqueles que reutilizam até à exaustão os materiais que possuem.
Lembro-me, a propósito deste R, do que era prática em Marrocos há cerca de 10 anos: Um pneu, depois de ser usado no automóvel até aos seus limites, passava às carroças puxadas por animais onde rodava mais uns tempos.
Depois, era utilizado nas paredes de recipientes vários. E, por fim, acabava nas sandálias das multidões.
É um exemplo apenas, mas recordo-me que em Portugal, há muitos anos, se faziam maravilhas com material abandonado.
Lembram-se dos carrinhos feitos de latas de conserva?!
O último R depende da indústria, mas depende também de cada um de nós.
Para que as autarquias reciclem o nosso lixo, é crítico que o separemos e depositemos nos locais adequados.
Para isso é preciso vencer a inércia e fazer o que ensinam aos nossos filhos.
É um esforço que os nossos netos nos agradecerão.
E depois, importa ainda preferir os materiais que são fruto da reciclagem!
Sobram ainda todos aqueles produtos que não é possível nem reutilizar, nem reciclar.
A esses, o destino é ou o armazenamento ou a destruíção.
Temos como exemplo, no limite, os resíduos nucleares, mas existem muitos outros.
  • Os materiais contaminantes dos hospitais.
  • Todos os produtos químicos que resultam da utilização de máquinas ou de indústrias.
  • E muitos, muitos outros.
Em relação aos resíduos nucleares, porque não se conhecem formas, nem de reutilização, reciclagem ou mesmo armazenamento seguro, alguns defendem o seu envio para o espaço.
Deixando de fora as questões éticas de povoar o espaço exterior com o nosso lixo, imaginem os custos energéticos que essa solução comporta. Porque é necessário construir naves de transporte e alimentá-las com o necessário combustível...
Mas voltemos à questão da destruíção dos lixos que não conseguimos tratar de outra forma.
A discussão do momento é a co-incineração... mas fica para a parte III.

Ao Norte... ao Norte!

Faço aqui um pequeno interregno nos artigos sobre o lixo, para vos dizer a todos que o link Portugalícia já mexe.
Após alguns comentários sem artigo, o meu Amigo José Rocha, lá deu início ao seu próprio blog, mais direccionado para assuntos do Norte, ou melhor dizendo da Nação Galaico Duriense.

Estamos de olho nele!

Como gosto de lixo! – parte I


O lixo é uma coisa boa...
É verdade! Acreditem! O lixo é nosso Amigo!
Todos nós conhecemos pessoas que têm o lixo bem à beira da porta de casa. Que o vão acumulando e enriquecendo criteriosamente.
Umas cascas de batata hoje, restos de fruta já podre, excrementos do gado vacuum e todas as espécies de matéria orgânica que se podem acumular e transformar.

Sinais dos tempos, porque não era muito bonito nem higiénico acumular tanta matéria em decomposição tão em cima da família, tenho na minha casa do Porto uma pequena central de compostagem onde vou depositando o meu lixo doméstico.
É bonito ir vendo o meu lixo crescer e transformar-se progressivamente na futura terra dos meus canteiros.

É verdade! Gosto muito do meu lixo!

Há outro tipo de lixo do qual eu gosto menos, que é assim como aqueles conhecidos com que nos cruzamos, mas pelos quais não podemos afirmar ter afectos profundos.
Estou-me a referir a todas as garrafas que usei, aos papeis que vou utilizando e perdem a serventia, aos plásticos (os plásticos, meu Deus, quanto se poderia dizer sobre eles), as pilhas sem carga e todas as infinitas embalagens que usamos no nosso dia a dia de animal consumista.
Mas não é por não sermos Amigos intímos que gosto menos deste lixo.
Aprecio-o. Não a sua companhia, mas o que ele ainda pode fazer por nós. Que é muito. Não duvidem. Basta que lhe dediquemos a atenção necessária.
Com alguma periodicidade (demasiada, o que quer dizer que gastamos demais) lá vou ao ecoponto depositá-lo, cada lixo em sua cor.
Porque entendo que faço demasiado lixo, troquei as pilhas descartáveis por pilhas recarregáveis, trago o menor número possível de sacos plásticos do super-mercado e vou-me forçando (não é fácil) no sentido de contrariar maus hábitos diários.

Também posso dizer, em função disto, que tenho alguma simpatia por este lixo menos domesticável!

Há ainda outro lixo, que também vai aparecendo cá por casa, que me consome o juízo.
É do tipo daqueles sujeitos que aparecem sem ser convidados e tardam em ir embora.
Os óleos alimentares, as tintas que sobram em cada pintura que fazemos e imensos produtos químicos que os ecopontos não aceitam. (O do Porto, pasmem, não sabe o que lhes fazer! Sugere que se misturem com o primeiro tipo de lixo, assim do género: porque não faz uma caldeirada?!)

Pobre lixo que parece tão imprestável!
Como é evidente, quando organizada, a sociedade pode voltar a dar dignidade a estes detritos, transformando-os em novas coisas.
É preciso vontade política, que o mesmo é dizer, vontade de fazer algo pela sociedade em que vivemos.

É por estas razões que fico imensamente triste quando vejo maltratar algo de tão precioso como todos os restos de coisas boas que referi.
Fico triste, imensamente triste, quando vejo que vivo num País em que o Povo é capaz de abandonar este tipo de riqueza em qualquer ponto do pequeno rectângulo Nacional, desde o litoral ao interior profundo.
Fico chocado quando, em plena Serra da Freita (lá para os lados de Arouca), ao olhar para o espectáculo que é a Frecha da Mizarela (uma cascata lindíssima) podemos em simultâneo observar a publicidade à Coca-cola (a de sempre), às águas puras do Luso, do Caramulo, da serra da estrela e a várias marcas de batata frita e produtos afins, criteriosamente espalhados pela encosta do miradouro.

Temos um País que deve ser visto pelos seus habitantes como um grande Ecoponto, do tipo polivalente, em que tudo se pode misturar para dar um resultado multicolor.

Pois é! É exactamente porque Amo o meu lixo que acho que o devemos tratar bem.

Mas adiante... porque este artigo já vai longo... amanhã ou depois escreverei a parte II que será sobre a tão falada co-incineração. Aliás, temo que tenha que escrever também a parte III. Depois veremos!

quarta-feira, março 01, 2006

Os consensos


Há alguns dias, enquanto bebíamos um copo no bar Saloon do Porto, eu, o José Rocha, o nosso Amigo Vatamico e a Carmen, discutíamos a actividade que vamos tendo e vendo na "blogosfera".
Nessa altura fui acusado de estar a tentar ser consensual. De abordar os temas de forma pouco característica, quando tendo em linha de conta que, nas discussões entre Amigos, sou, regra geral, bem mais combativo e peremptório.

Como é evidente não concordo de forma alguma com essa leitura sobre os meus textos e os seus conteúdos.
Não procuro o confronto violento, mas não fujo às opiniões claras sobre nenhuma matéria, salvo quando efectivamente não tenho opinião (o que não é habitual).

Isso é assim em relação a muitos temas já abordados neste blog, como p.e. a despenalização da prática do aborto, em que defendo muito claramente o direito à opção das mulheres que se encontram frente a uma decisão dessas.
É assim no que diz respeito à eutanásia, em que defendo também o direito a que cada cidadão possa escolher o momento da sua morte ou naquelas situações em que o profissional de saúde deve poder determinar quando se passou o limiar da humanidade e é imperativo desligar os apoios artificiais à vida.
Tenho uma opinião clara sobre a pena de morte, entendendo que em circunstância alguma devemos privar qualquer ser Humano do direito à vida, mesmo quando nos parece ser esse o caminho mais sedutor em determinados momentos e perante certos criminosos.

E reparem que, numa leitura rápida, bastariam estes temas para poder ser acusado de incoerência, quando a mim me parece evidente e fácil de provar que é bem ao contrário. Há uma linha de orientação comum em cada um destes assuntos.

Também no que diz respeito ao casamento livre entre pessoas, independentemente dos seus credos, cores, sexos ou outras diferenças sou claramente a favor.
Como defendo que, mesmo quando há claras maiorias é fundamental o respeito pelas minorias.
Parece-me claro que a lei deve servir o social e não servir como impeditivo ao desenvolvimento da sociedade e que, por essa razão, não vale a pena proibir o que não pode ser sequer limitado, valendo sim a pena regulamentar, para ao menos moralizar e tornar mais humano. A proibição da prostituíção enquadra-se no tipo de lei que é contra toda a lógica.
Também não procuro consensos quando entendo que o uso de drogas não deve ser proibido mas sim regulado, pois acredito que cada ser Humano tem todo o direito à dignidade mas não pode ser obrigado a viver vidas que não quer.
Viver em liberdade deve ser sempre uma opção individual. A liberdade só faz sentido assim!
Num próximo artigo falarei sobre este assunto que me parece de importância crescente na nossa sociedade.

Não! Não me preocupo com consensos.
Tenho opiniões muito claras. Defendo-as de forma enérgica.
Só não me parece é que seja obrigatório zangarmo-nos por causa disso!

Porque sei, tenho a certeza absoluta, que se todos pensássemos da mesma maneira isto não teria graça nenhuma.

Apenas não tenho paciência para defensores de genocídios, de holocaustos, de censuras prévias, e de muitas outras coisas que, obviamente, me impediriam de ter opinião.